A pandemia do novo coronavírus surpreendeu e atrapalhou os planos de negócios em vários setores da economia. Mas para alguns segmentos do comércio varejista cearense, que se aproveitaram da mudança de perfil de consumo durante a quarentena, o ano de 2020 apresentou um cenário positivo, apesar dos obstáculos impostos pela crise sanitária. Algumas empresas, inclusive, conseguiram gerar empregos e inaugurar lojas em 2020 mesmo neste cenário desafiador. Para 2021, a expectativa é de expansão.
Entre os que tiverem resultados mais robustos, com crescimento na ordem de 10% a 15%, estão os comércios de material de construção e produtos para lar, como eletrodomésticos, eletrônicos e os utensílios.
De acordo com Antônio Mello Júnior, diretor comercial da Normatel, por conta das restrições de circulação durante os primeiros meses de quarentena, as pessoas passaram a se preocupar mais com os gastos dentro de casa. Ele conta que a Normatel enfrentou muitas dificuldades durante a quarentena, tendo passado mais de 70 dias sem operar, contudo, após o retorno às atividades, a demanda reprimida levou as vendas a apresentarem um desempenho superior ao do ano passado, com a clientela muito interessada em materiais de construção para fazer reformas.
"O foco das pessoas mudou. Elas gastavam com festas ou viagens e restaurantes, e depois estavam focados nas reformas em casa ou das casas de praia e isso nos ajudou muito durante 2020", diz.
Neste movimento de recuperação, a empresa acabou por recontratar todas as pessoas demitidas em 2020 e ainda gerar 35 novos empregos. Em 2021, a Normatel planeja abrir uma nova loja no Eusébio, gerando mais 40 novos empregos.
Vendas online
Segundo o diretor comercial, a pandemia também forçou a empresa a mudar o foco e investir mais nas vendas online, pelo site ou por serviços de mensagem.
Outra empresa que, apesar das dificuldades geradas pela pandemia, teve um ano de 2020 positivo e espera uma nova evolução em 2021, é a Zenir. Segundo Luiza Lacerda, gerente de Marketing da empresa, o objetivo é reforçar os investimentos nas vendas online e, em paralelo, o grupo já projeta a inauguração de lojas físicas no interior do Ceará no começo do próximo ano.
"Nosso grupo está bastante otimista com relação ao mercado, acreditamos que a economia do País está de forma paulatina sendo retomada e, por isso, decidimos abrir novas lojas. O Grupo Zenir continua acreditando na necessidade dos pontos físicos, onde o cliente pode ter uma experiência com os produtos, mesmo que estejamos investindo no e-commerce", avalia a gerente de Marketing.
As Casas Freitas também atravessaram o período mais crítico da pandemia reforçando as operações de vendas pela internet. Segundo Marcelo Freitas, diretor comercial da empresa, a demanda reprimida na pandemia fez com que várias pessoas procurassem fazer compras para melhorar o ambiente doméstico e, com isso, as vendas pós-quarentena tiveram alta de 20% ante igual período do ano passado.
"Depois da pandemia, a gente esperava uma queda no mercado, mas tivemos um crescimento de cerca de 20% a mais do que no ano passado. Eu acredito que houve uma demanda reprimida e o auxílio emergencial deu uma ajuda a esse crescimento", comenta Freitas.