O presidente da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), Neuri Freitas, descartou, nesta sexta-feira (10), a possibilidade de a instalação da usina de dessalinização na Praia do Futuro, em Fortaleza, prejudicar ou interromper o fornecimento de internet no continente. A suposta ameaça é uma preocupação para as empresas de telecomunicações, pois o local é central para a passagem de cabos submarinos importantes para a transmissão do sinal digital.
Há anos, a iniciativa, fruto de uma parceria público-privada (PPP), provoca embates entre o consórcio e as operadoras do setor. Estas temem que a instalação da Dessal do Ceará no litoral da Capital interfira nas telecomunicações de toda a América do Sul. A hipótese foi rechaçada pelo gestor da estatal nesta manhã, em entrevista à Rádio Verdes Mares.
Acho que a gente acabou tendo muito ruído, muito boato, sem se aprofundar no projeto. [...] Hoje, quando ando em alguns estados, falando sobre o setor de saneamento, todo mundo pergunta: 'Neuri, como vai ser esse negócio da internet?'. Digo: 'olha, deixa eu explicar: ninguém vai derrubar a internet de ninguém, isso não existe'".
Na última quarta-feira (8), a licença ambiental do projeto foi aprovada, por unanimidade, pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (Coema), e acabou incrementando o embate entre o setor privado e a PPP. A permissão foi a primeira das três licenças necessárias para a instalação da usina.
Não tem a menor condição de a gente ficar falando em derrubar a internet ou gerar problema para as empresas de cabo. Isso, para mim, está superado. Acho que a gente devia passar uma borracha nisso e pensar em quando teremos a água dessalinizada
Segundo o presidente, o projeto da usina de dessalinização é de "primeira linha, bem pensado, bem estudado" e feito pelos "melhores profissionais do mundo", o que asseguraria a segurança da construção dela na Praia do Futuro. Ele argumenta ainda que, atualmente, existem diversas outras estruturas que passam pela localidade e elas convivem em harmonia com o sistema de cabos submarinos de internet.
"Lá, já tem drenagem urbana, gás, água, esgoto... É só mais uma tubulação que vai ter. Porque tudo isso tem que convergir para onde está a população, a sociedade. Onde está a internet? Onde vivem as pessoas. E onde está a água? Também onde vivem as pessoas", explica.