Transformação da Adece em instituição de fomento começa em janeiro

Mudança depende de aval do Banco Central e vai permitir à agência a operacionalização de linhas de crédito, assim como fazem outros bancos de fomento, a exemplo do BNB. A ideia é trabalhar fortemente o microcrédito

A Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece) dará início em janeiro de 2021 às tratativas para a transição que vai transformá-la em instituição de fomento. A mudança permitirá que a Adece operacionalize linhas de crédito e recursos como os do Fundo Constitucional do Nordeste (FNE). Isso será possível após a agência passar ser credenciada pelo Banco Central (BC), processo que deve levar entre um ano e um ano e meio, de acordo com o presidente da Adece, Eduardo Neves.

"Esse processo para a transformação da Adece em agência de fomento vai começar em janeiro de 2021. Teremos que contratar uma consultoria, é algo que exige uma série de procedimentos e prazos a serem cumpridos", explica Eduardo Neves.

A ideia é que a agência consiga trabalhar complementando a atuação de instituições como o Banco do Nordeste e o Banco do Brasil no fomento aos negócios locais.

"A nossa ideia é somar. Existem várias possibilidades e aí nesse processo a gente vai definir qual será o nosso foco. O que a gente menos quer é competir. Se o BNB trabalha em uma linha na qual a atuação está indo muito bem, não tem por que a gente querer ir nessa linha. A gente quer ir aonde tem aquele vazio para complementar a atuação dessas instituições", detalha Neves.

Fundo de microcrédito

No dia 15 deste mês, a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará aprovou a criação do programa Microcrédito Produtivo do Ceará, que deve fomentar a criação e formalização de novos micros e pequenos negócios e impulsionar os existentes. Eduardo Neves explica que essa é uma das ações de curto prazo da Adece, enquanto a transformação em instituição financeira se trata de uma ação visando ao médio prazo.

"Agora, nós vamos atrás de estruturar como a Adece fará a operacionalização desse fundo, isso também a partir de janeiro, porque é algo urgente. Esse recurso precisa chegar o mais rápido possível na mão de quem precisa, do micro, do pequeno. Estamos estudando, mas a ideia é que chegue a quem mais precisa", explica Eduardo Neves.

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae-CE), o programa de microcrédito deve impulsionar para 100 mil o número de empreendedores atendidos pela instituição. Atualmente, são 70 mil empreendedores atendidos pelo Sebrae em todo o Estado, crescimento de 42%.

Codece

Outra frente de fortalecimento da Adece é a incorporação da Companhia de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Codece) pela agência, publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) de segunda-feira (21). Com a incorporação, a agência passa a absorver o patrimônio da Codece.

"A ideia é que esses bens fortaleçam a Adece e ela passe a ter mais opções para fortalecer o desenvolvimento econômico e atender aos investidores no Estado do Ceará", aponta. Ele ainda acrescenta que mais imóveis poderão ser cedidos aos investidores em comodato, por exemplo. "Isso vai dar musculatura à Adece para que a agência possa trabalhar nesse sentido".