Só 30% dos repasses do MCMV foram pagos

Setor espera que o governo federal determine um novo prazo para cumprir com os compromissos

Os pagamentos às construtoras que executam obras do programa Minha Casa, Minha Vida, que deveriam ter sido realizados em dezembro, ainda continuam atrasados no Ceará. De acordo com o Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Ceará (Sinduscon-CE), apenas 30% do repasse prometido, que está atrasado há mais de dois meses, foi realizado pelo governo.

Por conta do atraso, segundo o presidente do Sinduscon-CE, André Montenegro, novas demissões poderão voltar a ocorrer neste ano. "Cerca de 2 mil pessoas já foram demitidas no ano passado e, caso uma data para o pagamento não seja definida, novas demissões podem acontecer", afirma.

Apesar disso, o presidente do Sinduscon-CE não soube precisar quanto somam os repasses atrasados no Estado, pois nem todas as empresas que realizam o serviço no Ceará são vinculadas ao sindicato. "O clima atual é de preocupação. Estamos realizando reuniões semanais para tratar do assunto", disse.

Continuidade das obras

O presidente da entidade avalia ainda que as perdas poderão ser estendidas para diversos segmentos além da construção civil. "A falta de pagamento pode colocar em risco a própria continuidade das obras. Isso ainda gerará uma reação em cadeia envolvendo fornecedores e outros parceiros", analisa.

Ele comenta ainda que a demora no repasse prejudica os recursos das construtoras, que precisam honrar compromissos financeiros. "Com regras e prazos eu consigo negociar com meus fornecedores, consigo planejar a obra, mas desse jeito não sabemos como continuar. Estamos sem informações", afirma.

Expectativa

A expectativa do setor é a de que o governo agilize a liberação dos pagamentos e determine um novo prazo para os repasses. Contudo, as empresas temem que a mudança de ministro dificulte os pagamentos atrasados. "Não estamos com uma expectativa muito boa, pois com a mudança de ministro, se torna mais complicado resolver a situação". Procurado pela reportagem, o Ministério das Cidades - responsável por gerenciar os repasses -, disse apenas que "o cronograma de pagamentos do programa Minha Casa Minha Vida segue com o fluxo normal".