Mais quatro projetos de hidrogênio verde (H2V) que estão em estágio avançado devem ter os contratos assinados em até 15 meses no Ceará. Esses novos incrementos, caso o investimento se concretize, podem garantir que o H2V comece a ser produzido no fim de 2027.
A projeção foi indicada pelo vice-presidente de Operação do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), Fabio Grandchamp, durante a assinatura da parceria entre o Governo do Ceará e os Países Baixos para criar o Corredor de Hidrogênio Verde (Green Hydrogen Corridor), visando impulsionar a produção e a exportação do negócio.
O objetivo é a gente começar a ter maior escala a partir de 2026. Hoje, como você deve saber, a Alemanha está fazendo um leilão de compra de hidrogênio e o Pecém, as empresas aqui estão no páreo, então pode ser que exista um avanço um pouco antes, mas hoje os projetos estão apontando para 2026, 2027".
O gestor do Cipp vê o futuro do hidrogênio limpo bem próximo após a assinatura com o país europeu, detentor do Porto de Roterdã, o maior da Europa.
Infraestrutura e investimentos
Sobre a infraestrutura do Pecém, Fabio Grandchamp pontua que os investimentos devem chegar na ordem dos US$ 10 bilhões: "[...] mas a gente como porto também tem um investimento de R$ 1 bilhão para assentar a estrutura e suportar esse escoamento, e os nossos parceiros estão investindo em infraestrutura comum também em R$ 1,2 bilhão".
No evento no Pecém, o Governo do Ceará anunciou, inclusive, um financiamento de US$ 40 milhões com Banco Mundial para ampliação do Porto do Pecém.
Presente na assinatura da parceria, o governador Elmano de Freitas enfatizou que a chegada de investimentos faz com que o Pecém e o Ceará caminhem mais um passo no protagonismo do desenvolvimento sustentável, da geração de empregos e renda.
"O corredor marítimo e a parceria fortalecem o Porto do Pecém como porta de entrada e saída [de hidrogênio verde] para o Brasil e o mundo. O hidrogênio verde permitirá o aumento da produção da energia eólica e solar. A matriz energética do Ceará já é bastante diversificada. Nós temos que incluir os mais vulneráveis nesse desenvolvimento, para que as pessoas do sertão cearense se transformem também em produtores de energia e possam vender para outros produtores. A transição energética global tem que ser justa e inclusiva", comentou o chefe do Executivo Estadual.
O primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte, enfatizou que os portos são a "base da economia neerlandesa" e que todo o Brasil agora está "diante de uma oportunidade excepcional para fortalecer o seu setor marítimo".
"Hoje é um momento que nos dá uma oportunidade de conseguir a energia que nós precisamos. Há muitas oportunidades de crescimento mútuo, e é realmente uma situação onde todos saem vencendo. O que nós podemos fazer é prover a infraestrutura necessária, e garantir que o hidrogênio verde chegue", comentou.
Ceará na vanguarda do H2V
O Hub do Hidrogênio Verde no Ceará já conta com 30 memorandos assinados. Três estão como pré-contratos selados e possuem área reservada na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará: a Fortescue, a Casa dos Ventos e a AES.
Para o diretor internacional do Porto de Roterdã, René van der Plas, o momento é de focar na atração de produtores e investidores da área portuária para que se possa garantir uma infraestrutura básica para que o hidrogênio verde seja exportado.
"Esse Porto [do Pecém], que é uma grande testemunho da cooperação entre Países Baixos e Brasil, tem uma boa infraestrutura e um crescimento potencial. A importação de hidrogênio pode ser um acelerador do desenvolvimento [do Ceará]. É um grande marco. O desafio que temos é garantir que esses potenciais beneficiem a sociedade, criando valor econômico e social", afirma.