Produção de tilápia posta em xeque

Os 9% de capacidade que o Castanhão se encontra atualmente ameaça diretamente a produção comercial da tilápia, que tem na barragem o principal criadouro do peixe, conforme lamenta o presidente da Associação Cearense de Aquicultores (ACA) e da Câmara Setorial da Tilápia, Beto Lemos. Ele informa que, dos mais de 20 mil toneladas contabilizadas anualmente pelos criadores, o pescado passou para 10 mil ao ano.

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"Se permanecer da mesma forma, não tem condição de continuar lá (no Castanhão). Alguns produtores estão indo para a Bahia, na região entre Jatobá e Paulo Afonso, e também para o Piauí, na barragem de boa esperança", conta Lemos, acrescentando que "já faz algum tempo que começou essa migração" e, agora, o movimento tornou-se mais grave.

A chuva, segundo avalia, é a única alternativa para tornar viável a produção na barragem do Castanhão. No entanto, no início do ano, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) afirmou que as chances de as precipitações serem abaixo da média histórica do período eram de 65%.

Diminuição

Para agravar ainda mais a situação do setor, segundo conta o presidente da ACA, o esgotamento das barragens no interior e a concentração de criadores no Castanhão fez o número de produtores aumentar tremendamente, o que ajudou a comprometer o desenvolvimento da aquicultura na barragem além da seca. "Agora, a Cogerh (Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos) está querendo que o pessoal saia, que diminua a produção de tilápia no Castanhão em 2/3", afirma.

Ele conta, o governo tenta combater os informais que se instalaram na barragem, porém, "a produção, independente da Cogerh, está sendo reduzida pela própria condição de água". Lemos informou que o Estado também cobrou números da produção de todos os empresários outorgados para criar tilápia no Castanhão como forma de nivelar a cultura na barragem.

Já a Cogerh informou de uma reunião entre a Agência Nacional das Águas (ANA), responsável pela outorga da concessão de pesca, e a SRH no dia 26 de fevereiro com as representantes dos piscicultores do Castanhão. "Entre as medidas destaca-se a necessidade de retiradas dos usuários irregulares, sendo essa retirada gradual, na medida que foram despescando, os usuários não devem mais repovoar as gaiolas", afirma. (AOL)