São Paulo. Escolhido para comandar a equipe econômica do vice-presidente Michel Temer, o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, definiu a reforma das regras de acesso à aposentadoria como o principal "endereçamento" da sua gestão à frente do Ministério da Fazenda, que passará a incorporar a Previdência Social.
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A reportagem apurou que Meirelles já começou a discutir com a equipe de Temer os detalhes da incorporação, que marcará uma mudança histórica na estrutura da Esplanada dos Ministérios. O Ministério da Previdência foi criado em 1974 e fundido, em 2015, pela presidente Dilma, com o Ministério do Trabalho. O provável novo ministro da Fazenda acredita que a junção das Pastas ajudará no encaminhamento da reforma. "É a pauta econômica mais importante para melhorar a evolução das despesas", disse Meirelles a interlocutores.
Segundo o Ministério da Fazenda, as despesas com benefícios da Previdência subiram de 6,9% do PIB em 2006 para 7,4% do PIB em 2015. Elas foram as que mais contribuíram para a elevação dos gastos públicos.
Receptividade
No mercado financeiro, a mudança foi bem recebida, em contraponto à reação negativa dos movimentos sindicais. "Incorporar a Previdência à Fazenda seria ótimo. Taí uma medida que pode ir além do decorativo ou do corte de alguns cargos de confiança", avaliou o economista-chefe da corretora Tullett Prebon, Fernando Monteiro.
Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, a proposta é "absurda". "Temer está sinalizando que a Previdência é só custo, que pode ser colocada numa salinha do Ministério da Fazenda e tratada como mais uma das contas que a equipe dele vai cortar", afirmou.
Sérgio Leite, primeiro secretário da Força Sindical, avaliou que se Michel Temer colocar em prática a junção, vai começar o provável governo desagradando os trabalhadores.
Até mesmo Ricardo Patah, presidente da UGT, ligada ao PSD, partido de Meirelles, vê com preocupação a medida. "É como colocar a raposa para cuidar do galinheiro", comparou.