Postos podem não abastecer veículos oficiais do Estado

Os veículos oficiais do governo do Estado do Ceará, além de algumas grandes empresas, podem ficar sem conseguir abastecer nos postos de combustíveis cearenses. De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos-CE), os empresários deixarão de receber o Good Card, método de pagamento atualmente utilizado por estes clientes. O motivo seria insatisfação com os valores cobrados pela bandeira.

Conforme o diretor do Sindipostos-CE, Paulo Sérgio Pereira, as taxas aplicadas pelo Good Card seriam aproximadamente o dobro das praticadas por outras operadoras. Os empresários teriam tentado renegociar os valores com a bandeira, sem sucesso. Insatisfeitos, decidiram não mais receber o cartão como método de pagamento.

A reportagem acionou o Governo do Estado na última quinta-feira (18). Contudo, até o fechamento desta edição, a Casa Civil não informou qual será a atitude tomada para seguir o abastecimento dos veículos oficiais. Também não explicou como foi feita a escolha da Good Card para operar o serviço.

"A Good Card tem um trunfo grande na mão, que é a exclusividade de abastecer os veículos dos órgãos públicos. Nenhuma viatura da Polícia, carro das secretarias, abastece com qualquer outro cartão. Com esse trunfo, eles cobram em média, mais do que o dobro da taxa mais alta do mercado. Além disso, são 42 dias para depositar para o posto o dinheiro de cada semana. O impacto é de 4,5% a 5% em cima do abastecimento, sendo que a taxa de lucro já é baixa, de 10% a 12%", afirmou Pereira.

Sem conversa

Segundo o presidente da entidade, a empresa foi procurada para renegociar os valores, contudo, não houve solução.

"A diretoria do Sindicato pediu que a Good Card mandasse alguém aqui ao Ceará para conversar conosco, negociar uma taxa melhor, pois tem governo envolvido e tal. Marcaram uma reunião na tarde do último dia 15. Porém, três horas antes do horário marcado, ligaram dizendo que não viriam pois não foi liberada verba de passagem aérea para o representante da empresa. Não dá mais para trabalhar com eles", disparou.

Pereira informou que os postos de combustíveis do Ceará decidiram, em sua maioria, não mais aceitar o cartão.

"Não foi uma imposição do Sindicato, pois isso seria até cartel. Os próprios donos de postos que estão bastante insatisfeitos e decidiram cortar o recebimento deste método de pagamento, que é impraticável, inviável financeiramente. Demos um prazo de dez dias, para avisar aos clientes. A partir do dia 25, será difícil achar quem ainda receba o cartão", relatou.

O Sindicato informou ainda que preparou uma carta, entregue pelo setor jurídico, em mãos, nas principais secretarias de governo, informando o que está acontecendo.

"Muitas empresas privadas também utilizam a Good Card, mas 90% dos usuários são de repartições públicas. Um ou outro posto ainda poderá aceitar, mas logisticamente, pegar um carro e atravessar a cidade para abastecer, chega a ser inviável. Pelo menos 80% dos postos irão abandonar a bandeira Good Card", projetou.

A reportagem entrou em contato com algumas secretarias do governo do Estado. A informação era que "cada órgão gerencia seu próprio abastecimento", mas o método único de pagamento é Good Card. "Não sabemos como vai ficar", disse à reportagem, uma pessoa ligada ao governo estadual, que pediu para não ser identificada.

Conduta

A reportagem também contatou a Ticket Log, que controla a Good Card, solicitando esclarecimento quanto à situação da bandeira junto aos postos de combustíveis no Ceará. A empresa limitou-se a emitir a nota abaixo reproduzida, na íntegra:

"A Ticket Log informa que em todas as suas relações comerciais adota uma conduta idônea, em conformidade com a legislação brasileira, em suas negociações com todos os públicos. Reforça, ainda, que possui um código de conduta e processos internos que visam a garantir um relacionamento transparente e ético com todos os seus clientes".