Porto do Pecém assume vice-liderança nacional em linhas de cabotagem

Terminal finalizará o ano com seis rotas, conectando 12 portos brasileiros. De janeiro a outubro deste ano, o Pecém já movimentou mais de 7,3 milhões de toneladas, crescimento de 16,2% em relação a 2018, segundo dados da Antaq

O Porto do Pecém vai encerrar o ano de 2019 com seis linhas regulares de cabotagem - navegação entre portos de um mesmo país. O número é o segundo maior do Brasil, atrás apenas do Porto de Santos, em São Paulo. De acordo com a Companhia de Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp S.A.), a cabotagem já representa 53% de todo o movimento do Porto atualmente.

Segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), o Pecém transportou, entre embarques e desembarque, mais de 7,3 milhões de toneladas de mercadorias entre janeiro e outubro deste ano, um avanço de 16,2% frente a 2018 e quase nove vezes a quantidade registrada em 2015.

"A gente tem se preparado muito nos últimos anos para conquistar essa marca. Há três ou quatro anos, tínhamos uma produtividade de 28 contêineres/hora. Naquela época, não atendíamos o mercado de maneira satisfatória. Então, nos preparamos, principalmente, com a construção dos berços 7 e 8 e com a compra de novos equipamentos. Hoje, nossa produtividade é, em média, de 65 contêineres/hora com pico de 110 contêineres/hora. É uma movimentação muito expressiva dentro do mercado nacional e que explica essa quantidade de linhas", diz Waldir Sampaio, diretor executivo de Operações do Cipp.

Hoje, das seis linhas que servem o Porto do Pecém, quatro são operadas pela empresa Aliança, uma pela Log-In e uma pela Mercosul Line. "Graças à capacidade operacional e à competitividade do Porto, nós conseguimos trazer nos últimos anos novas linhas de contêineres para o Porto do Pecém. Assim, a expectativa para 2020 são as melhores possíveis. Continuaremos trabalhando arduamente para oferecer soluções cada vez mais adequadas aos nossos clientes", afirma Raul Neris Viana, gerente de Negócios Portuários do Cipp.

Fatores

Segundo o gerente, a cabotagem no Pecém tomou fôlego maior após a greve dos caminhoneiros no ano passado. "Os empresários tiveram que buscar outras soluções logísticas para movimentação de cargas e encontraram na cabotagem a ideal, muito mais competitiva, fazendo com que a carga chegue ao seu destino tão rapidamente quanto no caminhão. Além disso, o próprio porto se preparou para atender de forma muito mais eficiente às movimentações".

Neris aponta que o crescimento na navegação por cabotagem deve continuar em 2020, porém em ritmo menor. "Acredito que esse crescimento vai continuar em 2020 não tão forte quanto em 2019, porque foi uma mudança de paradigma. Em 2020, esse crescimento vai ser mais natural. Vamos conseguir migrar algumas cargas que estão no transporte rodoviário".

Na opinião de Heitor Studart, presidente da Câmara Setorial de Logística (CSLog), os bons resultados são apenas o início de um futuro com mais recordes. "Com o problema do frete rodoviário e o lançamento do Programa BR do Mar - que deve estimular a cabotagem entre os portos brasileiros - o Porto do Pecém, pela sua localização privilegiada, vai se tornar um entreposto importante. Isso também vai melhorar com a tancagem, trazendo muitos navios petroleiros, o que vai elevar o transporte de combustíveis pela área de influência do Pecém".

De acordo com Studart, a tendência é a movimentação de cabotagem dobrar no próximo ano no Porto do Pecém. "Isso está apenas começando. É um mercado que ainda vai se desenvolver muito, com a tendência de crescimento de 20%, nos próximos 4 anos".