O preço máximo do litro da gasolina no município de Crateús aumentou R$ 0,27 de julho para agosto, chegando a R$ 6,62, o maior valor do Estado e o 13º do Brasil. Os dados são do levantamento da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) realizado entre os dias 1º e 7 de agosto.
A discrepância se torna ainda mais evidente se comparados os preços dos postos dentro do município. De acordo com o levantamento, o litro custa em média R$ 6,29 na localidade, com menor valor de R$ 6,09.
Além disso, o custo é 12,4% maior que a média registrada no Ceará, de R$ 5,89, enquanto o preço mínimo ficou em R$ 5,49. Em comparação com valor máximo de Fortaleza, a cotação de Crateús ultrapassou por R$ 0,43.
O estudo levou em consideração as tabelas de preços de 205 postos em todo o Estado e, destes, sete são provenientes de Crateús.
Causas
O consultor na área de petróleo e gás, Bruno Iughetti, explica que isso se deve por uma questão pontual, já que “não há uma razão para que se tenha esse valor mais alto que todo o Estado".
"Trata-se de uma questão talvez motivada pelo fator da concorrência local”, avalia.
De acordo com o assessor de economia do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos-CE), Antônio José, os preços de gasolina no Brasil variam de estado para estado, cidade para cidade e até mesmo de bairro para bairro.
“As companhias de petróleo atuam no mercado com preços livres, assim como os postos, elas fazem os preços que elas desejam em qualquer região. Isso quer dizer que eles podem jogar no Ceará um preço diferente do que vai, por exemplo, no Piauí e vice-versa".
A questão logística também é um fator que interfere, segundo José. “Muitas vezes uma cidade é atendida por trem, então o frete sai mais barato, outras por caminhão, encarecendo o produto. Aqui no Ceará, os preços variam demasiadamente entre as cidades”.
Alta no Ceará
Iughetti pontua ainda que não só Crateús apresentou alta. O ritmo inflacionário foi visualizado em todo o Estado. Conforme o especialista argumenta, a recente alta tem relação com o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), imposto estadual que incide diretamente nos preços de combustíveis.
Em ato do Conselho Nacional de Política Fazendária, em vigor desde o dia 1º de agosto, ficaram estabelecidos reajustes de parâmetros dos preços dos combustíveis com base nas alíquotas do ICMS.
“Para a gasolina, ficou de R$ 5,86, com alíquota de 29%, um acréscimo de 3,41% a partir deste mês. Essa é a razão que explica essas altas, uma vez que o preço nas refinarias não foi ajustado nos últimos 30 dias pela Petrobras”.
Valor deve ultrapassar R$ 7?
Com dois fatores variáveis na composição do preço da gasolina, barril de petróleo e taxa cambial, Iughetti destaca que o valor do litro vai depender das próximas tendências. “O barril de petróleo teve uma queda de 7%, saiu de US$ 74 para US$ 68. Com isso, pode-se esperar uma baixa no preço nas refinarias”.
O consultor não acredita que o combustível ultrapasse de R$ 7 no Estado, mas projeta que deve se estabilizar em um patamar de R$ 6,30 a R$ 6,40 até o final deste ano.
Em contrapartida, Joseph Vasconcelos, doutor em Economia e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), não descarta essa possibilidade. “Como estamos em um momento de instabilidade política, isso afeta muito a taxa cambial”, alerta.
“Ainda está muito incerto para falar como vai ser o comportamento do mercado internacional para o resto de 2021, que é de retomada".