PIB do Ceará deve crescer acima do brasileiro em 2024 com cenário favorável, aponta Ipece

Controle de preços, reduções sucessivas na taxa básica de juros e crescimento econômico do País, além da expectativa positiva para o Estado são razões projetar o crescimento, segundo analistas

Considerando a manutenção de um cenário de equilíbrio econômico, o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado cresça 2,31% em 2024. A previsão é acima do esperado para o Brasil, de crescimento de 1,78%.

O PIB do Ceará, índice referente à soma de todos os bens e serviços produzidos no Estado, cresceu 2,42% em 2023. O resultado é um pouco menor do que o nacional, que subiu 2,9%. 

O analista de Políticas Públicas do Ipece Witalo de Lima Paiva aponta que o crescimento do PIB deve ser favorecido pelo controle de preços, com as reduções sucessivas na taxa básica de juros, e o crescimento econômico do País. A expectativa positiva para o Estado também tem base nos sinais favoráveis dos setores produtivos cearenses.

“Os setores sustentam esse número de 2,31%. Na indústria, tivemos a contribuição positiva do setor de transformação, após muito tempo com números negativos. E espera-se que a energia e a construção se mantenham em trajetórias positivas. Mas o crescimento se apoia, principalmente, no setor de serviços”, aponta o analista. 

O setor de Serviços puxou o desempenho do PIB cearense, sobretudo as atividades de comércio e alojamento e alimentação. No 4º trimestre de 2023, a área de Serviços cresceu 4,76%, com aumento de 10,39% no correspondente ao comércio. 

Alexsandre Lira Cavalcante, analista do Ipece, aponta que o Estado deve observar a continuidade de uma série de medidas de estímulo ao consumo e investimentos no setor produtivo. “Prevemos a manutenção de uma política cíclica favorável ao consumo, tanto pelo Governo Federal e Governo do Estado. Além da manutenção da políticia social pelo governo federal, já que o estado depende muito do bolsa família”, aponta. 

Segundo a análise de Witalo, o Ceará terá em 2024 o amadurecimento de investimentos e a criação de empregos em um patamar semelhante ao dos anos anteriores. “Nos últimos 3 anos, o Ceará gerou mais de 200 mil empregos, e isso é uma marca expressiva. Se a gente tiver um novo incremento pelo menos aproximado ao de 2023, de 50 mil vagas, isso tudo vai influenciar diretamente o consumo”, projeta. 

O Ceará finalizou 2023 com a criação de 53.954 empregos. O terceiro trimestre teve o melhor comportamento, com saldo de 26.860 vagas. Apesar disso, há uma trajetória de desaceleração da geração de empregos formais na comparação com 2022. Segundo o Ipece, esse movimento representa um reajuste natural após dois anos de intensa geração de empregos pós-pandemia.

SETOR VALOR ADICIONADO - 2023
Agropecuária -6,40%
Indústria 1,09%
Serviços 3,40%
PIB DO CEARÁ 2,42%

SETOR AGROPECUÁRIO PREOCUPA 

Dos três setores que compõem o PIB, o pior desempenho no Ceará em 2023 foi o da Agropecuária, com queda de 6,4%. O comportamento do setor diverge totalmente do nacional, que teve crescimento de 15,1%.

Em 2022, a Agropecuária representou o melhor desempenho no Estado, com crescimento de 7,70%. O resultado negativo em 2023 foi motivado por problemas hídricos e temperaturas mais elevadas, conforme a assessora técnica do Ipece, Ana Cristina Lima. Alguns dos principais produtos do Estado tiveram quedas substanciais, como o milho (-32,4%) e o feijão (-32,7%). 

"O período da quadra chuvosa foi bastante irregular, então a expectativa do começo do ano não foi atingida. Quem plantou no começo do ano, teve perdas devido às chuvas mais intensas. E para quem plantou já no meio do ano, teve perda pela falta d'água", aponta a assessora. 

A agropecuária cearense teve resultado negativos em todos os trimestres de 2023. A atividade agrícola foi a mais afetada, com queda de 14,8% no quarto trimestre, com relação ao mesmo período de 2022. A pecuária terminou o ano com crescimento de 7,2%, mas não foi suficiente para alavancar o setor. 

Ana Cristina Lima afirma que é não é possível projetar uma recuperação da produção de grãos. "Tínhamos uma previsão da Funceme com chuvas abaixo da média, mas já temos chuvas em torno da média. A gente vai aguardar se o cenário climatológico de 2024 vai repetir o de 2023. Caso se repita, será um cenário ruim", afirma.