PIB do Brasil fecha o 3º trimestre em R$ 1,28 tri

O resultado tirou o País da recessão técnica. Já na comparação com igual período de 2013, o PIB recuou 0,2%

Brasília. A economia brasileira saiu da recessão técnica no terceiro trimestre de 2014. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,1%, no terceiro trimestre, em relação ao segundo deste ano, totalizando R$ 1,289 trilhão, informou, ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao divulgar as Contas Nacionais Trimestrais.

A chamada recessão técnica acontece quando o PIB tem dois trimestres seguidos de queda. No primeiro e no segundo trimestres deste ano, houve quedas de 0,2% e 0,6%, respectivamente.

Na comparação com o terceiro trimestre de 2013, contudo, o PIB recuou 0,2%, no terceiro trimestre deste ano. Já o PIB da indústria subiu 1,7% no terceiro trimestre, em relação ao segundo trimestre deste ano. Na comparação com o terceiro trimestre de 2013, o PIB da indústria mostrou queda de 1,5%. O comércio registrou um recuo de 1,8% no terceiro trimestre de 2014 ante o mesmo período do ano anterior, segundo os dados de Serviços no PIB referente ao 3º trimestre do ano, nas Contas Nacionais Trimestrais. O segmento teve a segunda queda consecutiva, já que tinha apontado redução de 2,4% no segundo trimestre nesse mesmo tipo de comparação.

No terceiro trimestre, os Serviços tiveram expansão de 0,5%, ante o mesmo período de 2013. No 2º trimestre, alta foi de 0,2%. As exportações contabilizadas no PIB cresceram 1%, no terceiro trimestre em relação ao segundo deste ano. Na comparação com o terceiro trimestre de 2013, as exportações mostraram alta de 3,8%.

Mercado externo

As importações contabilizadas no PIB, por sua vez, avançaram 2,4% no terceiro trimestre, em relação ao segundo trimestre deste ano. Já na comparação com o 3º trimestre de 2013, as importações subiram 0,7%.

A contabilidade das exportações e importações no PIB é diferente da realizada para a elaboração da balança comercial.

No PIB, entram bens e serviços, e as variações porcentuais divulgadas dizem respeito ao volume. Já na balança comercial, entram somente bens, e o registro é feito em valores, com grande influência dos preços.

A taxa de poupança da economia brasileira ficou em 14%, no terceiro trimestre de 2014. Já a taxa de investimento ficou em 17,4% no período, também segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Metodologia

O diretor de pesquisas do IBGE, Roberto Luís Olinto Ramos, afirmou ontem que a divulgação do PIB do 3º trimestre de 2014 foi a última com a base antiga. De acordo com ele, as datas de divulgação do PIB com as mudanças ainda serão definidas. A previsão, no entanto, é de que ocorrerá em março do próximo ano. As datas e os prazos serão divulgados de forma definitiva neste mês de dezembro.

Economia pode crescer  mais em 2015, diz Fazenda

Rio. Em nota sem assinatura do ministro Guido Mantega ou do ministro indicado Joaquim Levy, o Ministério da Fazenda avalia que a alta de 0,1% do PIB, no terceiro trimestre, ante o segundo trimestre deste ano, divulgada ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que a economia entrou em processo de retomada do crescimento econômico, "embora em ritmo ainda modesto".

"A economia brasileira apresenta fundamentos macroeconômicos sólidos e tem todas as condições para apresentar no quarto trimestre e em 2015 um crescimento mais intenso, garantindo e ampliando as conquistas da população brasileira, em especial para a população trabalhadora e de menor renda", informa a nota.

Emprego e renda

O texto frisa que, apesar do ritmo ainda inferior ao desejado do PIB brasileiro, "é necessário destacar que o País registrou em outubro a menor taxa de desemprego da série histórica, 4,7%, e continuou aumentando a renda dos trabalhadores. Isso significa que a massa salarial continuou crescendo, mas o desempenho do mercado interno tem sido contido pela falta de crédito". A nota aponta, ainda, que o "bem sucedido desempenho do mercado de trabalho" é resultado da estratégia de política econômica anticíclica, que mitigou os impactos da desaceleração econômica mundial e doméstica sobre os trabalhadores.

O Ministério da Fazenda ainda destacou a expansão de 1,7% da indústria e de 1,3% dos investimentos. "Os indicadores antecedentes e coincidentes sinalizam a continuidade dessa trajetória de melhora no quarto trimestre. A retomada do investimento é fundamental para que o crescimento econômico se acelere e tenha sustentação ao longo do tempo". Além disso, a pasta avaliou que a demanda interna mostrou enfraquecimento no terceiro trimestre, como mostra a queda de 0,3% do consumo das famílias. Na avaliação da equipe, esse quadro reflete a escassez de crédito em um ambiente de restrição monetária para combater a inflação. "O crédito começa a dar sinais de melhora".

Déficit público é o maior em 11 anos

Brasília. O déficit público chegou a 5% do PIB, nos 12 meses encerrados em outubro, segundo o Banco Central. Desde o fim do primeiro ano do governo Lula (2003-2010) o indicador não superava esse patamar. Há seis anos, as contas públicas apresentavam déficit de 1,4%, do PIB. Na época, o ministro Guido Mantega (Fazenda) falou na possibilidade de o Brasil estar a caminho de um "déficit zero".

A mudança na política econômica iniciada naquele ano, com aumento de gastos e do endividamento, no entanto, alterou essa trajetória. Esse déficit é resultado da diferença entre dois números. Os juros da dívida pública nos 12 meses encerrados em outubro chegaram a 5,6%, do PIB. O superávit primário, economia feita para pagar essa conta, foi de 0,6%, em igual período, menor resultado anotado pelo BC.

Na última quinta-feira, o futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fixou a meta de dobrar esse percentual até o fim de 2015. E aumentar esse valor para 2% do PIB, em 2016 e 2017. Segundo Levy, esse é o esforço necessário para estabilizar, e futuramente reduzir, a dívida dos governos federal, estaduais e municipais.

Dívida bruta

Ele citou especificamente a necessidade de controlar a dívida bruta, o indicador mais utilizado em comparações internacionais e que melhor reflete a decisão do governo de, nos últimos anos, se endividar para colocar dinheiro nos bancos públicos.

Em outubro, a dívida bruta alcançou 62% do PIB. É o maior percentual desde novembro de 2009 (62,4%). No fim do governo Lula, estava no mínimo histórico de 53%. Ontem, o BC divulgou os dados do superávit primário em outubro para todo o setor público (União, Estados, municípios e estatais). Após cinco meses no vermelho, o resultado ficou positivo em R$ 3,7 bilhões, o menor para o mês desde 2002.

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