A Petrobras anunciou nesta segunda (8) novos reajustes nos preços da gasolina e do diesel, com vigência a partir desta terça (9). A gasolina vendida pelas refinarias da estatal subirá 8,8%. Já o diesel terá aumento de 5,5%.
É o sexto reajuste da gasolina e o quinto do diesel em 2021, com altas acumuladas de 53% e 40%, respectivamente.
Segundo a Petrobras, a partir desta terça o litro da gasolina em suas refinarias passará a custar, em média, R$ 2,84, ou R$ 0,23 a mais do que o valor vigente até esta segunda. O diesel será vendido por R$ 2,86 por litro, alta de R$ 0,15.
A alta no preço do diesel equivale a metade do ganho que seria obtido com a isenção de impostos federais implantada por Bolsonaro na semana passada para tentar acalmar os caminhoneiros. Na quinta (4), o jornal Folha de S.Paulo mostrou que, mesmo após a isenção, o preço do combustível permaneceu em alta nos postos.
Bolsonaro já havia sinalizado com a possibilidade de novos reajustes, ao comentar, na semana passada, que o preço do petróleo deveria continuar em alta.
"Pode ser que tenhamos uma alta do petróleo nas próximas semanas, o que complica para a gente. Isso reforça o nosso interesse em efetivamente mudar o presidente da Petrobras, porque queremos... Não interferir, como nunca interferimos, isso nunca existiu", afirmou, após visita à residência do embaixador do Kuait no Brasil.
Entenda a política de preços da Petrobras
A política de preços da Petrobras segue um conceito conhecido como paridade de importação, que calcula quanto custaria vender combustíveis importados no mercado interno. O cálculo considera as cotações internacionais, a taxa de câmbio e os custos de importação.
As cotações internacionais vêm em recuperação desde o segundo semestre de 2020, após o período mais duro da pandemia. Este ano, dispararam com as perspectivas de retomada econômica após o início da vacinação.
Já a taxa de câmbio também segue pressionada pelo risco fiscal e pelos juros baixos.
Em nota, a empresa diz que "os preços praticados pela Petrobras, e suas variações para mais ou para menos, associadas ao mercado internacional e à taxa de câmbio, têm influência limitada sobre os preços percebidos pelos consumidores finais".
A companhia defende ainda que o alinhamento dos preços ao mercado internacional "é fundamental para garantir que o mercado brasileiro siga sendo suprido, sem riscos de desabastecimento, pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às regiões brasileiras".
Intervenção na Petrobras
Com impactos em sua imagem e risco de paralisação dos caminhoneiros, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) decidiu nas últimas semanas subir o tom contra a política de de preços da Petrobras, em processo que culminou com a demissão, no dia 19 de feveriro, do presidente da estatal, Roberto Castello Branco.
Bolsonaro diz que não tem interesse em intervir na política, mas justificou a substituição de Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna dizendo que a empresa também precisa ter papel social. A troca no comando derrubou as ações da estatal e levou a uma debandada inédita em seu conselho de administração.
Isenção de impostos federais
Na semana passada, Bolsonaro anunciou isenção de impostos federais sobre o diesel como parte de um esforço para conter a escalada e acalmar os caminhoneiros. Nos primeiros dias após a isenção, porém, o preço final subiu nos postos.