MPEs geram quase 50% dos empregos no Ceará

Conforme o Sebrae-CE, esses empreendimentos impactam a economia local, chegando a 26,6% do PIB do Estado

Em um momento em que o desemprego segue elevado, fortalecer as micros e pequenas empresas (MPEs) torna-se ainda mais importante, uma vez que, no Brasil, elas são responsáveis por 47% dos postos de trabalho formal. No Ceará, esses empreendimentos respondem por quase 50% de todos os empregos com carteira assinada no Estado, de acordo com o diretor técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Ceará (Sebrae-CE), Alci Porto.

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Um desses negócios é o do empresário Oséias Teixeira, cujas quatro lojas empregam 25 pessoas. Há três anos, ele, que era cortador de tecidos, viu no ramo da confecção uma boa oportunidade para começar o próprio empreendimento. Oséias, que começou trabalhando em outras empresas e depois virou "free lancer" fazendo serviços com sua mesa de cortes em casa, começou como microempreendedor individual (MEI) e, em 2015, com o crescimento da demanda pelos produtos, mudou para microempresa (ME).

A expansão começou com as vendas para o Interior do Estado. Em pouco tempo, o negócio já tinha demandas para Manaus, Belém, São Paulo, Maranhão, Rio de Janeiro e outros estados. Assim, Oséias viu a necessidade de "subir de patente", como ele mesmo diz, e contratar mais pessoas para atender aos pedidos.

Impacto econômico

Além da grande geração de empregos, os micros e pequenos negócios também são importantes para a economia nacional e estadual. De acordo com o diretor técnico do Sebrae-CE, 26,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado é oriundo desses empreendimentos. "Isso leva a crer que esses negócios têm impacto na riqueza e empregos", diz. Porto avalia que, desde 2007, o País conta com um cenário melhor para o empreendedorismo devido à criação do Supersimples ou Simples Nacional, regime de tributação unificada para micros e pequenas empresas.

"Essa nova legislação trouxe um arcabouço legal que gerou oportunidade de registro, com desburocratização. Com a lei geral, ficou muito mais fácil para esse microempreendedor existir e sobreviver", explica.

Cenário melhor

Conforme o diretor técnico do Sebrae, a criação do Supersimples favoreceu o salto no número de empresas registradas para 400 mil no País. Desse total, 60% são micros e pequenas. As médias e grandes correspondem a apenas 0,2%. "A partir da implantação da lei, surgiu a figura do microempreendedor individual, ou seja, antes, ou se tinha uma empresa estruturada, ou era informal", afirma Porto.

Com a legislação, hoje são, no Ceará, quase 200 mil microempreendedores individuais registrados, segundo Porto. "Estamos com a maior formalização já ocorrida em cerca de dez anos. Temos cinco ou seis vezes mais empresas, um crescimento que surgiu com o Supersimples".

Necessidade

Porto destaca ainda a grande ocorrência nos últimos anos do empreendedorismo que se dá devido à necessidade de renda. "Em momentos de crise, esse tipo de empreendedorismo por necessidade se multiplica e nem sempre essas pessoas estão preparadas para isso, nem sempre elas se estruturam", afirma.

A consequência dessa falta de preparo, de acordo com ele, é a mortalidade das empresas. "O mercado está mais competitivo, com clientes cada vez mais exigentes, então não há espaço para amadorismo", acrescenta.

Áreas em destaque

Para a presidente da Federação das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do Ceará (Femicro-CE), Dalvani Mota, as pessoas têm visto a necessidade não só de empreender, como também de enveredar por áreas que estão em maior evidência, como o ramo de alimentação.

"Hoje, você anda em um bairro de Fortaleza e, a cada duas casas, há uma pessoa vendendo comida na porta da residência", frisa, ressaltando que essas pessoas optam por esse empreendedorismo ao saírem de seus empregos. Ela analisa ainda que as mulheres se destacam na iniciativa de mudar de ramo.

"A mulher tem uma agilidade maior em criar uma coisa nova e o homem tem mais dificuldade em mudar", acrescenta a presidente da Femicro-CE.