Mercado recebe mal a indicação

São Paulo. A indicação de Nelson Barbosa para o Ministério da Fazenda, no lugar de Joaquim Levy, não foi bem recebida por analistas do mercado financeiro, que temem uma mudança nos rumos da política econômica brasileira.

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O dólar à vista, que havia fechado em R$ 3,934 (às 16h, antes do anúncio de Barbosa) com os rumores sobre a substituição, foi negociado a R$ 3,982 no chamado after market (negociações após o fim do pregão).

Embora a troca tenha sido confirmada apenas alguns minutos antes do fechamento da Bolsa brasileira, a tensão com a notícia dominou as negociações ao longo de todo o dia. O Ibovespa, principal índice, fechou em queda de 2,98%, atingindo 43.910 pontos -a menor pontuação desde 7 de abril de 2009.

As maiores baixas foram registradas pelas ações dos bancos. Itaú Unibanco caiu 5,81%, e o Bradesco, 3,84%. Levy era visto pelos investidores como interlocutor do mercado financeiro no governo. O temor, agora, é que o setor e suas demandas deixem de ser considerados.

Sinalização

Para Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs, a renúncia de Levy é mal recebida pelo mercado pois, além de o País perder um "ministro talentoso", sua saída pode sinalizar a volta de mudanças econômicas consideradas heterodoxas. "Isoladamente, o fato de o Levy sair já trouxe mau humor ao mercado", diz Ricardo Kim, analista-chefe da XP Investimentos. Segundo ele, a percepção do mercado é de que o Barbosa, mais alinhado à Dilma, pode partir para uma agenda voltada à retomada do crescimento no País, enfraquecendo o ajuste fiscal. "Antes da confirmação de Barbosa, vários nomes foram citados. Nenhum que indicasse a manutenção da atual tentativa de cortar gastos", diz Luciano Rostagno, estrategista do Banco Mizuho.