Pais e responsáveis com filhos matriculados na rede privada de ensino já estão sendo comunicados sobre o reajuste da mensalidade escolar referente ao ano de 2023. O presidente da Associação das Escolas Particulares do Cariri (AEPC), Eliab Hazael estima que os estabelecimentos no Ceará vão praticar um aumento de 10% a 15%, mas reforça que cada empresa possui autonomia para decidir sobre o repasse de seus custos aos clientes.
A reportagem também buscou o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Ceará (Sinepe-CE), mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
A estimativa da AEPC é resultado de um levantamento de custos das escolas no Estado e considera também índices inflacionários como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e Índice Geral de Preços Mercado (IGP-M). O estudo foi feito por uma assessoria financeira contratada pela própria associação.
“É uma previsão que considera esses custos, porém cada escola possui autonomia para repassar os custos e os investimentos. O percentual é apenas um demonstrativo para as escolas”, explica Hazael.
Ele acredita que, a depender da situação da escola, o reajuste pode até exceder a projeção apresentada pela AEPC.
“Será de acordo com os investimentos propostos pela escola para 2023, sabemos que muitas estão se adaptando às inovações tecnológicas e por isso também essa base de reajuste pode ser excedida, mas aí deve haver um diálogo entre a família e o colégio para tornar essa prestação de serviço acessível”.
Impactos da pandemia
O presidente da AEPC pontua que as escolas vêm sofrendo desde 2020 os impactos financeiros da evasão provocada pela pandemia, combinadas a uma inadimplência elevada e à disparada de custos como aluguel e energia elétrica.
“Vimos muitas famílias migrando para o ensino público. Além disso, o reajuste que anunciamos no ano passado não previa a forte inflação observada a partir de março”, diz.
Sobre a taxa de inadimplência nas escolas particulares do Ceará, Hazael afirma que essa é uma das pautas mais graves para o setor em meio à perda da capacidade de consumo das famílias.
“Vamos aguardar a conclusão do ano letivo para ter esses números”, diz, lembrando que as famílias inadimplentes precisam quitar as mensalidades para fazer a rematrícula dos alunos.
A servidora pública Karina Gouveia já foi comunicada pela escola onde a filha está matriculada sobre o reajuste de 10% na mensalidade do ano que vem - acima do índice que ela imaginava, de 5%.
“Eu pago R$ 1.580 com desconto e em 2023 vou pagar R$ 1.705 com esse mesmo desconto, um aumento real de 8%”, explica.
Material escolar também pesa no orçamento
Ela lembra ainda que houve mudança no material didático utilizado pela escola, que agora será mais caro, bem como será necessário adquirir um outro material referente ao sistema bilíngue da instituição.
“Vamos nos organizar para pagar o material à vista no início de janeiro, e para isso vamos ter que antecipar as férias para pedir o adiantamento do 13º salário”, detalha.
Além disso, Karina destaca que é preciso encaixar no orçamento os gastos com material de uso individual e coletivo, como resma de papel, lápis de cor, pincel e utensílios de alimentação. “A lista é grande”, diz.
Para fazer as despesas escolares caberem no orçamento da família, o empresário Bruno Pessoa vai, além de reduzir os gastos com lazer e fazer intensa pesquisa de preços para encontrar as melhores ofertas de material escolar. Ele também recebeu recentemente o comunicado da escola em que o filho estuda sobre o reajuste de 10% na mensalidade para 2023.
“A gente recebe de uma forma até esperada”, diz. “Na creche que ele estuda, eles sempre mantêm o mesmo percentual de aumento. Isso ajuda a gente a se programar melhor”, diz.