A negociação para que a Arezzo assuma a fábrica da Paquetá em Uruburetama está na fase final e já em janeiro a operação deve iniciar sob nova direção. Porém, informações divulgadas na cidade dão conta de que apenas 500 colaboradores seriam mantidos - e não todos, como era a expectativa do Governo do Estado, município e a comunidade local.
O número, de acordo com informações de que a unidade possui 1.260 colaboradores, representa 39,6% da totalidade.
Acompanhando desde junho deste ano toda a situação da fábrica da Paquetá em Uruburetama e o processo de incertezas vivido pelos trabalhadores, o vereador Cleber Uchoa (PSD) afirma que o interesse da Arezzo na unidade da Paquetá no município é por conta da característica do que é fabricado e da mão de obra.
No local, a Paquetá mantinha a sua linha de calçados femininos para exportação. "A fabricação aqui é de um produto mais sofisticado, com costuras feitas à mão. Então, além da fábrica, há muitas pessoas terceirizadas que compõem essa cadeia".
Ele afirma que mensalmente eram injetados cerca de R$ 1 milhão só com esta fábrica na cidade e que com a suspensão de contratos isso acaba se tornando uma grande dor de cabeça também para o comércio e outros estabelecimentos.
"A Paquetá nunca veio conversar com ninguém do município e, quando íamos até a fábrica, também não tínhamos retorno, o que tornou todo o processo ainda pior".
Uchoa ainda revela que informações dariam conta de que a Arezzo colocaria apenas três das cinco esteiras de produção em operação neste primeiro momento. Por isso a redução do quadro de funcionários diretos.
Procurada, por meio de sua assessoria de comunicação, a Arezzo informa que não vai comentar esse assunto.
"Sabemos de outras unidades em que os trabalhadores estavam mais preocupados em receber todos os seus direitos da Paquetá, do que manter empregos com uma possível outra empresa, mas aqui foi o contrário. Até agora, quem saiu foi porque pediu e não porque foi demitido".
Além de Uruburetama, a Paquetá possui unidades em processo de fechamento ou de tentativa de troca de administração em Apuiarés, Irauçuba, Pentecoste, Tururu e Itapajé.
Empresa dava sinais de fechamento
O Grupo Paquetá, do Rio Grande do Sul, ficou em recuperação judicial de abril de 2019 até novembro deste ano. A empresa, desde meados de março deste ano, vem atrasando salários dos colaboradores. Em abril o pagamento ocorreu, pela primeira vez em 30 anos de existência no Ceará, de forma parcelada.
Desde o mês de junho o Governo do Estado adiantou R$ 23 milhões referentes a parcelas de incentivos fiscais referentes ao Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A intenção era manter os 3,1 mil postos de trabalho no Ceará.
Porém, o acordo firmado entre o Grupo Paquetá e o Estado do Ceará, de em troca do adiantamento a empresa manter as unidades fabris do Estado abertas por 31 meses, com a manutenção de todos os empregos, foi descumprido.
Por conta disso, o Governo estuda uma forma de reaver parte dos valores que ainda não foi calculado.