Juros atingem recorde sem elevar calote

São as maiores taxas desde 1999, segundo levantamento da Anefac

Os juros ao consumidor atingiram novos recordes, fruto da recente escalada nos juros do governo, mas isso ainda não se refletiu com a mesma intensidade no aumento da inadimplência.

O juro médio cobrado no cartão de crédito rotativo alcançou 334% ao ano em janeiro. No cheque especial, a taxa média é de 208,7% ao ano. São as maiores taxas desde 1999, segundo levantamento da Anefac (associação dos executivos financeiros). No mesmo mês de 2014, as taxas estavam em 309,5% e 154,1%, respectivamente.

Apesar disso, o calote médio em todas as linhas de crédito para pessoas físicas caiu de 4% para 3,8% de janeiro de 2014 para janeiro de 2015. Para especialistas, isso significa que o brasileiro está escolhendo melhor as linhas de crédito que utiliza para enfrentar imprevistos financeiros, evitando as modalidades com taxas mais caras.

"Empréstimos pessoais e consignados têm ganhado espaço. O consumidor está comparando as taxas de diferentes modalidades de crédito", disse Wilson Justo, diretor da financeira Sorocred.

No caso do consignado, a taxa é menor porque o desconto é feito já na folha de pagamento de quem tomou o crédito. No empréstimo pessoal, a taxa é um pouco maior, mas ainda bem menos salgada do que no cartão de crédito e no cheque especial.

Recentemente, vem ganhando força o financiamento em que o consumidor oferece um bem como garantia. Geralmente é o carro ou a casa. As taxas tendem a ser menores (2% a 3% ao mês) porque a instituição tem a possibilidade de tomar o bem em caso de inadimplência. O valor máximo emprestado é o do bem em garantia.

"Quem toma esse crédito pega 70% do valor de um veículo. Conhecemos bem esse público e damos condições para acertar o financiamento. Não interessa a ninguém pegar o carro, que geralmente é um veículo antigo", afirma Tadeu Silva, vice-presidente da Omni Financeira.