Brasília. A injeção dos recursos do Minha Casa Melhor no varejo foi comemorada no início do programa, quando os resultados das vendas foram impulsionadas pela demanda das famílias beneficiadas. Mas o impacto parece ter perdido força e, para este ano, é esperada contribuição menor em um setor que já tem perdido dinamismo diante do menor consumo dos brasileiros. "Como todo incentivo, o programa é válido, mas tem alcance restrito", avalia o economista Altamiro Carvalho, assessor econômico da Fecomércio/SP. Para ele, o impacto foi grande o após a implementação da linha de crédito, mas vem diminuindo.
De acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE, as vendas no varejo restrito (sem veículos e materiais de construção) aumentaram 2,2% em julho ante junho de 2013, puxadas por móveis e eletrodomésticos, com alta de 2%. No acumulado entre agosto de 2013 e abril deste ano, contudo, o varejo cresceu 1,1%, e o segmento alvo do financiamento avançou 1,3%. "O impacto tende a ser cada vez mais diluído", diz Carvalho.
Nos cálculos da economista Mariana Oliveira, analista setorial da Tendências Consultoria, os recursos do programa injetados no comércio devem responder por 0,2 ponto porcentual da alta no volume de vendas este ano, prevista em 3,4% para o varejo restrito. "É uma facilidade, tem uma injeção de recursos, mas é baixa e tem ficado aquém do esperado", justifica.
Participação
Sem precisar números, a Via Varejo, dona da Casas Bahia e da Ponto Frio, informou que a participação do Minha Casa Melhor nas vendas ainda é pequena. "Os itens comercializados referentes ao programa ainda têm participação tímida e pulverizada no volume total de vendas da empresa, devido à especificidade da cesta de produtos e à demanda pontual", diz, em nota.
Na indústria, os itens de linha branca também perderam vigor. Mesmo crescendo em maio, a produção desse grupo caiu 1,6% no acumulado dos cinco meses deste ano sobre igual período de 2013. No total dos eletrodomésticos, a taxa foi positiva por causa da produção de TVs para a Copa do Mundo.
Sucesso
Para o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), que participou da preparação do programa Minha Casa Melhor, a iniciativa foi bem-sucedida e vem tendo "grande impacto social" ao permitir que consumidores tenham acesso a bens até então inacessíveis. "O Minha Casa Melhor leva esse crédito e beneficia todos os lados. O varejo, porque vende, a indústria, porque está produzindo, e o cidadão, que passa a ter acesso ao crédito e a mais dignidade", diz o presidente do IDV, Flávio Rocha.