A Fretcar, responsável por 5% da operação do transporte público de Fortaleza, encerrou suas atividades na Capital na última quinta-feira (30). Confirmado pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Ceará (Sindiônibus), o fechamento foi provocado por "absoluta falta de condições econômico-financeiras", segundo nota enviada pela empresa aos funcionários.
O presidente do Sindiônibus, Dimas Barreira, estima que quase 250 trabalhadores, entre motoristas de ônibus, mecânicos e de setores administrativos, sejam impactados por demissões. "Todas as empresas estão em dificuldade muito severa. É uma crise do Brasil", afirmou.
A Fretcar, que operava 22 linhas, começou a recolher seus ônibus dos terminais da Cidade ainda na noite da quinta, o que provocou desassistência por "alguns minutos", de acordo com Dimas. "Num primeiro momento, teve até desatendimento, só que, em questão de minutos, a gente fez manobras operacionais", disse.
Neste momento, ainda conforme o presidente, "há ainda alguma precarização" no serviço relativa à falta de motoristas preparados e ao processo de retirada de veículos da manutenção para injetar no sistema de transporte coletivo.
"Estamos tomando as medidas necessárias para normalizar" até a próxima segunda-feira (4), projeta Dimas.
A Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) também garantiu que a operação da Fretcar deve ser atendida por outras empresas que compõem os contratos de concessão do serviço de transporte coletivo urbano.
"A Etufor, desde o ocorrido, vem ajustando a programação das linhas operadas pela empresa Fretcar, substituindo-as com veículos de outras empresas de forma que os passageiros não sejam prejudicados", assegurou o órgão.
Medo de colapso do sistema
Outras duas empresas, a Santa Cecília e a Ceará Grande, estão em processo de recuperação judicial para postergar dívidas com credores antigos e tentar evitar colapso financeiro.
"A Fretcar não entrou [em recuperação judicial] por decisões administrativas, mas já dava sinais de incapacidade operacional. A situação mais delicada era dessas três empresas [Fretcar, Santa Cecília e Ceará Grande]. A gente não tem como dar uma solução definitiva, vinha dando paliativos. Mas, com a Petrobras aumentando o [preço de] combustível com a frequência com que aumenta...", reflete Dimas.
O presidente disse ainda que uma preocupação é que mais empresas cheguem a um colapso operacional como o da Fretcar e isso acabe por "colapsar até o sistema" de transporte coletivo da Capital.
Soluções
Diante da escalada de preços do combustível imposta pela Petrobras, as empresas apelam para reajustes tarifários ou incentivos financeiros por parte do Governo. "Nossos insumos não estão sendo possíveis de trabalhar com os preços [das passagens] congelados", afirmou Dimas.
Além disso, o presidente ressaltou que a "grande dificuldade" atualmente está relacionada ao financiamento da gratuidade da passagem para idosos acima de 65 anos de idade. Ele citou a aprovação na Câmara Federal de um pacote de medidas emergenciais para socorrer, dentre outros setores, o sistema de transporte coletivo regular. "Para custear pelo menos parcialmente essa gratuidade nacional que não tem fonte de custeio", disse.