Com o certificado operacional provisório em mãos, a Fraport Brasil confirmou que assume hoje (2) o Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza. Nessa terceira e última fase da transição da administração do Aeroporto, a concessionária permanece acompanhada pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) por mais três meses. Assim, os empregados da Infraero alocados ao Aeroporto continuarão na condição de contratados da Infraero, mas cedidos à concessionária. Agora, a Fraport aguarda a aprovação do anteprojeto pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para iniciar as obras de ampliação do terminal.
Mudanças
Diante deste cenário de mudanças na aviação comercial cearense, documento do Ministério dos Transportes informa que a movimentação de passageiros em 20 anos no Aeroporto Internacional Pinto Martins deve ter um crescimento de 82%. O terminal cearense deve receber, segundo o estudo, cerca de 10,2 milhões de passageiros em 2037, em um quadro mais otimista.
"A projeção especificamente de Fortaleza ficou muito aquém do que a gente espera com a chegada do hub da Air France-KLM e Gol em maio deste ano", acrescenta o engenheiro aeronáutico, Igor Pires. Segundo ele, o movimento no Pinto Martins deve aumentar com o início das operações domésticas e internacionais a partir de 2018. O número é bem inferior ao informado pela Anac, que projetou movimento anual de 29,2 milhões de passageiros em 2047, com a concessão do Aeroporto. "Sem dúvidas, a movimentação aumentará, mas eu achei as curvas de crescimento muito acanhadas", opina o engenheiro.
Nordeste
Em 20 anos, o Aeroporto continuará a ser o terceiro mais movimentado da região Nordeste, atrás de Salvador (BA) e Recife (PE). De acordo com o relatório do Ministério, o movimento de mais de 10 milhões de passageiros é reflexo de um cenário em que haverá manutenção da rede atual de aeroportos.
"Trata-se de um cenário futuro de operação da rede de aeroportos considerando que o número de aeroportos que atualmente operam voos regulares não se altera com o tempo (108 aeroportos, em 2017, excluindo-se aeroportos que não apresentaram operação constante por mais de quatro meses)", afirma o documento.
Além disso, para esse cenário, "o modelo de projeção de demanda primária considera que a tarifa média, uma das variáveis utilizadas, decresce ao longo dos anos, determinada por modelo específico com base nos dados históricos e tendências internacionais. Este é o cenário que resulta valores maiores para os aeroportos operantes".
Cenário pode mudar
Levando em consideração o cenário concorrencial, como afirma o relatório, há uma simulação de uma rede de aeródromos instalada que potencializa os efeitos concorrenciais nos aeroportos em operação. "As projeções permitem a identificação da demanda secundária que os aeroportos podem vir a perder em casos de operação de outras infraestruturas nas regiões próximas. Para isso, considerou-se além dos aeroportos constituintes do Cenário A, outros aeroportos de interesse para a aviação regional", explica o estudo.
Este cenário conta 30 aeroportos sistêmicos (capitais, sendo três no estado de São Paulo e dois no Rio de Janeiro) junto a 187 aeródromos regionais, "dos quais alguns já operam voos regulares (78), enquanto outros estão em fase de adequações, obras, estudos preliminares, estudos de viabilidade, ou somente planejados (109)". O modelo concorrencial evidencia a dispersão da demanda de passageiros numa rede de 217 aeroportos. "Embora haja a captura de demandas primárias reprimidas, para os novos aeroportos, os existentes tendem a perder parte de sua demanda secundária, resultando em valores menores de projeção se comparados ao Cenário A (atual)", acrescenta.
Cargas
O relatório também traz o crescimento estimado para a movimentação de carga aérea doméstica nos principais aeroportos brasileiros. Fortaleza deverá registrar taxa média anual de 5,5% de alta, com 78 mil toneladas transportadas em 2037. A elevação da Capital é maior do que Salvador e Recife, que devem ter avanços anuais de 3,93% e 4,17%, respectivamente. O relatório ainda traz a projeção de movimentação de carga aérea importada. A maior expansão entre os três principais aeroportos do Nordeste fica com Recife, com uma média anual de crescimento de 23,15%. Em seguida aparecem Fortaleza (20,18%) e Salvador (6,49%).
Já a exportação de cargas nos três principais aeroportos da Região é liderada por Recife, que deverá ter um crescimento de 1,96% por ano, o que equivale o transporte de 4,2 mil toneladas. Apesar do avanço, Salvador ainda deverá liderar no Nordeste, com movimento de 6 mil toneladas. Fortaleza exportará 3,3 mil toneladas em 2037.