O fortalezense precisa dedicar quase duas horas da força de trabalho por mês apenas para comprar 300 gramas de café. O trabalhador também viu o mesmo produto aumentar 25,20% na variação semestral, no comparativo entre dezembro de 2023 e junho de 2024.
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (4) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), referente à pesquisa nacional da cesta básica de alimentos.
Já a jornada necessária para comprar 4,5 kg de carne é de 26 horas e 50 minutos. Para adquirir a cesta básica completa, no valor de R$ 697,33, o trabalhador destina 108 horas e 39 minutos de seu tempo.
Além do café, que em junho apresentou alta de 10,30% em relação ao mês anterior, outro produto mais caro nas prateleiras do fortalezense foi o leite, com crescimento de 3,20% em igual período.
Segundo o levantamento do Dieese, o conjunto dos 12 produtos que compõem a cesta básica de Fortaleza registrou uma queda de 1,77% em junho de 2024. Apesar da deflação, a cesta da Capital cearense segue sendo a mais cara do Nordeste.
Nas cidades do Norte e do Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 561,96), Recife (R$ 582,90) e João Pessoa (R$ 597,32).
"Comparando o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social (7,5%), verifica-se que o trabalhador fortalezense remunerado pelo piso nacional comprometeu, em junho de 2024, 53,39% do seu salário para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta", diz o estudo.
Outro dado levantado pelo Dieese aponta que o valor de R$ 6.995,44 é o salário mínimo necessário para suprir uma família com 4 pessoas, o que corresponde a 4,95 vezes o mínimo vigente, de R$ 1.412.
Variação do preço do café
O preço do quilo do café em pó aumentou em 15 capitais, entre maio e junho, com Natal (10,48%) e Fortaleza (10,30%) registrando as maiores altas. Em 12 meses, todas as capitais do país mostraram elevação, com variações entre 1,30%, em Vitória, e 24,07%, em Fortaleza.
Conforme a entidade, a especulação sobre uma menor oferta global do grão, devido ao desenvolvimento da safra robusta no Vietnã, fez com que o café ficasse mais caro, causando impacto no varejo.