Entenda por que o preço da banana-prata e do mamão subiu em Fortaleza

Queda de produção, preços dos combustíveis e encarecimento da energia elétrica estão dificultando a chegada das frutas à mesa do consumidor

Abastecer a fruteira na casa do fortalezense ficou mais caro em setembro, especialmente no caso da banana-prata e do mamão formosa. Os dois produtos em questão estão entre as cinco maiores variações na inflação do mês passado, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas por que isso aconteceu?

O analista de mercado da Central de Abastecimento do Ceará (Ceasa), Odálio Girão, explica que uma oferta aquém da esperada foi uma das causas para a elevação de preços no mês passado. No caso da banana-prata, que inflacionou 15,6% em setembro ante agosto, foi preciso trazer o produto de outros estados como Rio Grande do Norte e Pernambuco.

Normalmente a banana consumida na Capital cearense é produzida no Maciço de Baturité e Palmácia. "Ela está entrando em período de safra e houve redução nas colheitas. Chegou em uma escala regular, ainda não chegou em grande oferta".

Ao ser trazida por modal rodoviário de outros estados, a banana chega ao Ceará com o custo do frete embutido. Odálio Girão lembra que, considerando esse aspecto, os preços dos combustíveis pesam significativamente. 

"A banana vinha em um patamar de preços bem elevado, teve uma queda nos últimos meses, mas continua com preços altos. Foi preciso até trazer de estados como Rio Grande do Norte e Pernambuco, gerando frete e a alta dos combustíveis prejudica, porque esse produto vem pelo modal rodoviário. O atacadista da Ceasa acaba tendo que repassar"
Odálio Girão
Analista de Mercado da Ceasa

Na Ceasa, a banana-prata está custando cerca de R$ 2/kg. "Chegou a custar R$ 2,50/kg, mas conseguimos manter em R$ 2", pontua Girão. "Saindo da Ceasa para os mercadinhos e supermercados, a banana-prata chega a custar entre R$ 3,50 e R$ 4, dependendo da localidade e do estabelecimento", reforça.

De janeiro a setembro, a banana-prata acumula inflação de 3,5%. Em 12 meses, porém, o produto em Fortaleza registra deflação de 4,41%.

Mamão

O mamão, que subiu 6,6% no mês passado, também teve pouca oferta em setembro, o que gerou o impacto nos preços. "O mamão teve uma quebra de safra, principalmente no caso do mamão formosa. As regiões produtoras, que são Paraipaba, Guaiúba e Maranguape, ofertaram pouco porque diminuiu a produção", explica.

Além disso, Odálio lembra que o encarecimento da energia elétrica afeta os preços, já que em alguns casos o bombeamento de água para essa cultura exige o uso de energia.

Ele explica que o produto está custando cerca de R$ 1,80 na Ceasa, mas chegou a R$ 2,50. "O consumidor sentiu esse peso, não está no preço que esperávamos", diz.

De acordo com o IBGE, no ano, o mamão em Fortaleza acumula inflação de 20,3%. Nos últimos 12 meses, a alta é de 17,3%.

Mas por que a produção ficou aquém?

Odálio explica que a queda na produção do mamão e da banana-prata está aliada à quadra chuvosa abaixo da esperada. "A quadra chuvosa não foi muito animadora, estávamos esperando chuvas bem superiores nesse segundo semestre e isso não está acontecendo, o que ocasiona a redução na oferta", diz.

Batata-inglesa

Fora do grupo das frutas, a batata-inglesa foi um dos produtos que se destacou na alta de preços em setembro. Conforme o IBGE, o produto ficou próximo ao mamão e teve inflação de 6,6% no mês passado.

"A batata-inglesa é um produto que vem de Minas Gerais e da Bahia e houve diminuição das colheitas na região produtora, principalmente sul de Minas Gerais e Triângulo Mineiro. Consequentemente, a questão do frete influencia", diz. Ele ressalta que a batata-inglesa está custando cerca de R$ 4 na Ceasa.

E os preços nos próximos meses?

As expectativas para os preços da banana-prata são de queda de 10% a 15%. "Porque há previsão de chegada de banana remanescente de Baturité e Palmácia, então esperamos uma queda nos preços", diz Odálio.

O mamão, de acordo com o analista de mercado da Ceasa, só deve ter arrefecimento nos preços quando a quadra chuvosa se concretizar e as águas chegarem às regiões produtoras em maior abundância.

"Os pomares de mamão requerem muita água. Caso não tenhamos essa abundância hídrica, pode ser que seja preciso trazer o mamão do Espírito Santo nos próximos meses", frisa.

Para a batata-inglesa, as perspectivas são de manutenção dos preços em patamar elevado, já que o produto é comumente consumido nas festas de fim de ano. "Vamos entrar em um período de festividades e a batata-inglesa é bastante consumida, então não deve cair", explica Girão. "Mamão e batata devem se manter elevados", arremata.