Fruto das palavras em inglês Environmental, Social and Governance, a sigla ESG - Ambiental, Social e Governança em português - vem sendo cada vez mais mencionada nas reuniões de negócios. Isso porque no Brasil e no mundo cresceu a exigência de investidores e consumidores para que as empresas assumam uma postura voltada ao desenvolvimento ambiental, com atenção para as contribuições sociais e ações de governança.
O conceito de ESG foi tema nesta quinta-feira (25) do Lide Talks, encontro virtual promovido pelo grupo de lideranças empresariais Lide Ceará. Participaram como convidadas do evento a vice-presidente executiva de Comunicação, Marketing, Relações Institucionais e Sustentabilidade do Santander Brasil, Patrícia Audi, e a diretora executiva do Lide Alemanha, Fabiana Oscari-Bergs.
Para Patrícia, considerando o contexto de mudanças provocadas pela pandemia do coronavírus, o empresariado precisa estar preparado não só para o "boom de consumo" no pós-pandemia, quando a população puder "retomar a normalidade", mas para um consumidor ainda mais exigente em relação à postura da empresa para além do produto ou serviço que ela presta.
"Ele (empresário) deve se perguntar: será que eu estou sendo rápido o suficiente para esse boom de consumo quando as pessoas puderem voltar a sua normalidade? As pessoas vão consumir da mesma forma? Eu acredito que serão muito mais exigentes e aí a gente precisa fazer essa reflexão: eu estou preparado para isso? O consumidor não quer mais comprar um produto sem saber de onde ele vem", detalha Patrícia.
A vice-presidente executiva de Comunicação, Marketing, Relações Institucionais e Sustentabilidade do Santander Brasil, pondera, porém, que o empresário brasileiro é um "sobrevivente". "O empresário brasileiro é um sobrevivente. Passa por tudo, muitas questões inesperadas, sejam regulatórias ou econômicas, financeiras. Ele está sempre resistindo", destaca.
Saiba mais sobre ESG:
- ESG é um termo que surgiu em 2005 em um relatório de título "Who Cares Wins", resultado de uma iniciativa liderada pela Organização das Nações Unidas (ONU);
- No Brasil, o tema ESG ganhou força nas empresas após tragédias ambientais como a de Brumadinho, em Minas Gerais, e o derramamento de óleo nas praias do Nordeste;
- Anualmente, a B3 divulga uma lista com empresas que integram a carteira Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3). O ISE B3 compara a performance das empresas listadas na B3 sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa.
ESG e poder público
Fabiana avalia a importância da geração de uma visão mútua de ESG, compartilhando a experiência europeia no tema. "Aqui vemos um investimento forte em mobilidade, com vários programas de construção de ferrovias, incentivo do poder público para empresas que comprarem bicicletas para seus funcionários, gerando uma visão mútua de ESG", diz.
A diretora executiva do Lide Alemanha também mencionou a atenção que o país europeu dá a novas fontes de energia, como o hidrogênio limpo. "Tem o hidrogênio limpo, que a Alemanha está investindo nisso agora. Há projetos de financiamento para esse hidrogênio, que vai servir de combustível limpo. São esses mecanismos que a Europa fomenta para o futuro", explica.
Mediando a live, a presidente do Lide Ceará, Emília Buarque, lembrou que o tema do hidrogênio limpo também entrou na pauta de discussão do desenvolvimento socioeconômico e ambiental do Ceará desde que o Governo do Estado anunciou a assinatura de um memorando com empresa australiana para a construção de uma usina de hidrogênio verde no Estado com investimento estrangeiro de US$ 5 bilhões.
Emília pontuou, sobre o ESG, que o tema no Brasil ganhou força com tragédias ambientais, a exemplo do que ocorreu em Brumadinho, do derramamento de óleo no litoral nordestino e, sobretudo, com a pandemia do coronavírus. "Há muito a ser falado ainda sobre fundos ESG", afirma.