Empresa investe R$ 500 mil para fabricação de cachaça com ouro comestível de 23k

O objetivo é atrair a classe A, disse o empreendedor

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O empreendedor Leandro Dias, 32, da empresa Dias de Ouro, investiu R$ 500 mil de capital próprio para criar a Middas, uma cachaça com flocos de ouro comestível. O objetivo é atrair a classe A. "O ouro é associado a poder, sucesso e luxo e a pessoa vai sentir isso ao interagir com a garrafa colocando o metal [que vem em um frasco a parte] na bebida", diz.

A matéria-prima de 23 quilates foi trazida da Alemanha, com qualidade de pureza atestada pela União Europeia. O produto de 700 ml custa R$ 150 e por enquanto é vendido via internet. "No Brasil, mudou muito o conceito de a cachaça ser uma bebida da classe baixa. A alta sociedade já consome, mas é um mercado ainda receoso e que precisa ser melhor explorado", afirma.

Segundo Vicente Bastos Ribeiro, presidente do Ibrac (Instituto Brasileiro da Cachaça), o estigma da bebida está ficando para trás por causa da valorização da cultura nacional. Em 2013, os Estados Unidos reconheceram a bebida como um produto genuinamente brasileiro.

O interesse por itens nacionais é potencializado com a Copa do Mundo. Dias diz que decidiu lançar a Middas em maio para "aproveitar a visibilidade do Brasil aos olhos estrangeiros". "A cachaça teve um processo de enobrecimento", afirma Ribeiro. "Isso se reflete nos lançamentos de produtos 'premium'".

Grandes fabricantes como Velho Barreiro, Ypióca, 51 e Pitú têm suas versões sofisticadas custando em torno de R$ 140 por garrafa. De acordo com o Ibrac, apesar de cachaça ser a terceira bebida destilada mais consumida do mundo, atrás da vodca e do soju, o Brasil exporta menos de 1% da produção anual, de 800 milhões de litros. O setor movimenta R$ 7 bilhões por ano. "O Brasil precisa criar um conselho regulador para projetar a cachaça mundialmente, e os produtores não devem só pensar no mercado nacional", afirma Ribeiro.