A atividade econômica do Ceará cresceu 11,78% em abril, segundo o Índice de Atividade Econômica Regional - Ceará (IBCR-CE) divulgado esta terça-feira (15) pelo Banco Central (BC).
Considerado a prévia do Produto Interno Bruto (PIB) medido pelo IBGE, o resultado foi observado na comparação com abril do ano passado, um dos meses mais afetados pela pandemia do novo coronavírus. Em relação a março deste ano, o IBC-CE apresentou alta de 3,34%.
O presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon), Ricardo Coimbra, explica que as variações estão relacionadas ao processo de flexibilização das medidas de isolamento social no Estado, permitindo um maior nível de atividade.
"Os dois dados refletem bastante o processo de flexibilização. Em maio, tivemos a retomada de algumas atividades que ficaram restritas em abril, além do lockdown desse ano ter deixado de fora algumas atividades como a indústria e a construção civil. O comércio também já estava mais adaptado", afirma.
Esses fatores teriam contribuído para um impacto econômico menor durante a segunda onda de contaminação que a do ano passado.
Com os resultados positivos, o Ceará acumula alta de 2,56% no primeiro quadrimestre deste ano. Nos últimos 12 meses, o indicador permanece levemente negativo (-0,36%).
Nordeste
A variação registrada em ambas as bases de comparação é maior que a média do Nordeste, que apresentou alta de 7,16% ante 2020 e de 1,12% em relação a março.
Pernambuco alcançou aumento da atividade econômica em 11,94% na comparação com abril do ano passado, mas teve leve retração de 0,26% ante março.
Já a Bahia garantiu melhora de 3,67% em relação a abril de 2020 e de 2,21% na série dessazonalizada.
Expectativas
A partir dos dados positivos, Coimbra prevê que a recuperação econômica do Ceará deve ganhar cada vez mais fôlego nos próximos meses a medida que o processo de vacinação avance e as restrições reduzam.
"Talvez tenhamos, no fim do ano, um crescimento de 5,5% a 6% no Estado. Até porque a previsão nacional já está quase girando em torno de 5% e o Ceará, nos últimos anos, vem crescendo acima da média nacional", ressalta.
O professor de Economia da Universidade de Fortaleza (Unifor), Ricardo Eleutério, também vê o resultado do IBC-CE como uma boa notícia, tendo em vista que ele sinaliza uma melhora da dinâmica econômica.
"Com os números que estão sendo divulgados, passamos a enxergar uma dinâmica melhor e uma expectativa melhor de crescimento tanto para o Brasil quanto para o Ceará. Além disso, com um equilíbrio fiscal melhor, o Ceará pode ter uma dinâmica ainda mais robusta nessa retomada", avalia.
Ele alerta, no entanto, que as variações acima de 10% são causadas, em parte, pela baixa base de comparação, o chamado efeito estatístico, e que não podem ser confundidas com indicativos de um cenário melhor do que é observado.
Brasil
Apesar da segunda onda da pandemia do novo coronavírus, a atividade econômica brasileira avançou em abril, após ter recuado em março na média nacional. O Índice de Atividade (IBC-Br) subiu 0,44% em abril ante março, na série já livre de influências sazonais. Em março, o indicador havia recuado 1,61%.
Para conter o número de mortos, o Brasil adotou o isolamento social em boa parte do território, o que impactou a atividade econômica. Os efeitos negativos foram percebidos principalmente em março e abril de 2020.
Após este período, o IBC-Br passou a reagir, até que a segunda onda provocasse, no início de 2021, novos fechamentos de empresas. Em março, a atividade econômica recuou, mas em abril ela voltou a avançar.
De março para abril de 2021, o índice de atividade calculado pelo BC passou de 139,04 pontos para 139,65 pontos na série dessazonalizada. Este é o maior patamar desde fevereiro deste ano (141,31 pontos).
Na comparação entre os meses de abril de 2021 e abril de 2020, houve alta de 15,92% na série sem ajustes sazonais. Esta série encerrou com o IBC-Br em 138,09 pontos em abril.