Coronavírus: encomendas de máscaras caseiras disparam e empreendedora amplia produção

Empreendedora chega a produzir 100 unidades do produto por dia durante o período de pandemia da Covid-19

Muito antes do avanço da pandemia do novo coronavírus levar milhares de pessoas a correrem às farmácias em busca de máscaras cirúrgicas, zerando os estoques do produto em várias cidades, a empresária cearense Cristina Franco já confeccionava e vendia máscaras de pano. Com o aumento exponencial da procura nas últimas semanas, ela precisou ampliar a produção.

Em 2006, Cristina descobriu que sua filha Clara, estava com diabetes. À época, ela tinha 6 anos de idade.. Com a enfermidade, a ida ao hospital se tornou algo recorrente na rotina das duas e, para proteger a filha de outras doenças, pedia que ela usasse máscaras.

Como Clara achava o material feio e incômodo, Cristinha aceitou a sugestão de uma sobrinha que trabalha na área de saúde e passou a confeccionar, com a irmã costureira, máscaras de pano "mais divertidas" para ajudar no tratamento da filha.

 "Minha irmã, que é costureira, começou a fazer as máscaras e ainda botava a Clara no colo para ensiná-la a costurar e, por consequência, a motivava a usar. No começo, ela ficou tão empolgada que usava até dentro de casa. Minha sobrinha também se empolgou e encomendou vários kits de máscara e touca com desenhos infantis", relata Cristina.  

A partir daí, elas passaram a confeccionar e vender as máscaras, inicialmente, a R$ 3,75 a unidade. Os clientes eram colegas de trabalho da sobrinha e as crianças do próprio Centro de Diabéticos. Com a divulgação do produto, elas alcançaram mais pessoas, como adultos e crianças que estavam com outras doenças

Pandemia

Com o estado de pandemia em detrimento da Covid-19, em meio à falta do produto no mercado e cobrança de preços abusivos, as irmãs decidiram ampliar a produção e divulgaram os produtos em grupos de escolas, de amigos e da família.

" Levamos um susto com o a quantidade de pedidos! Um grupo foi repassando para outros e quando vimos estávamos recebendo pedidos de diretoras de escolas, técnicas de enfermagem, enfermeiras, funcionários públicos e até estabelecimentos comerciais", relata.

Os pedidos vinham não só de Fortaleza, mas também da região metropolitana, de cidades como Caucaia e Aquiraz, além de outros lugares do País, como Brasília.

Dificuldade

Com a grande quantidade de pedidos, ainda na segunda semana, o material de confecção das máscaras acabou e com o fechamento das lojas por conta do decreto de estado de emergência no Ceará, a empreendedora não tinha onde comprar os itens.

Ela encontrou na internet empresas que faziam a entrega dos insumos à domicílio e, com o custo extra, as máscaras passaram a custar R$ 5. "Deixamos de receber pedidos os porque não achamos correto aumentar o preço, depois de já termos vendido para várias pessoas por um preço menor. Mas, os próprios clientes insistiram que continuássemos".

As irmãs trabalham das 8h até às 20h para dar conta da demanda e já chegaram a produzir cerca de 100 unidades por dia. 

Eficácia

Por ser feita de pano, muitas pessoas duvidam da eficácia das máscaras. No entanto, Cristina comenta que as que elas produzem chegam a ter três camadas de proteção, duas de tricoline, 100% algodão e uma com o forro de perlon.

"Ela acaba sendo três vezes mais resistente que a descartável, além de ser lavável e reutilizável", comenta.