Conheça opções de financiamento para quem quer instalar placas de energia solar

Principais bancos ofertam linhas de crédito voltadas especialmente para projetos com placas voltaicas. Investimento pode trazer economia na conta de luz

A energia mais cara tem levado cada vez mais pessoas a optarem por soluções de geração própria.

A procura pelo serviço de instalação de placas voltaicas para produção de energia solar tem aumentado e os principais bancos oferecem linhas de crédito especiais para projetos do tipo. 

O financiamento pode ser uma forma de economizar na conta de luz a longo prazo, praticamente isentando o pagamento da tarifa durante um período de até 20 anos, de acordo com o diretor técnico do Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Estado do Ceará (Sindienergia-CE), Daniel Queiroz. 

O indicado é tentar encaixar o empréstimo em parcelas equivalentes ao que normalmente é pago mensalmente com energia, “trocando” a tarifa variável por parcelas já previstas no momento do contrato.  

Opções no mercado oferecem prazos de 96 meses e juros a partir de 0,39% ao mês para pessoas físicas que queiram instalar a estrutura na própria residência, sendo essa taxa mais baixa oferecida no caso de financiamento com garantia [veja lista abaixo]. 

O investimento é recomendado sobretudo para residências que tenham um consumo alto, com faturas acima de R$ 700, também conforme Daniel. 

Economia na prática 

A professora Regina Maia, 41, instalou placas fotovoltaicas em outubro deste ano e, apesar do tempo ainda curto, ela conta que já espera uma economia considerável.  

“A gente tem um aplicativo que acompanha a produção diária. Lá mostra o valor em dinheiro que você já economizou relacionado à sua produção. Em um mês nós produzimos 1.900 kwh e meu consumo foi 1.000 kwh. Já está valendo super a pena, eu tenho certeza que a médio prazo vai dar um retorno muito positivo para a família, uma tranquilidade, além da questão ambiental”, diz. 

Ela relata que a decisão de optar pela geração própria veio após os custos com energia elétrica começarem a pesar mais no orçamento da família, sobretudo no período da pandemia, quando todos estavam o tempo inteiro em casa.  

Segundo Regina, a fatura costumava vir na faixa dos R$ 1.000 e chegou a atingir R$ 1.500 durante o período do segundo lockdown. “Foi quando a gente se desesperou”, lembra. 

A decisão de instalar o equipamento foi feita em junho, e o processo foi concluído em outubro, após uma pesquisa criteriosa com algumas empresas do ramo e conversas com pessoas que já haviam optado pelas placas voltaicas.  

A própria empresa escolhida para a instalação do projeto orientou a família quanto às melhores opções de financiamento. A conta veio parcelada em 60 meses, um investimento que Regina considera que vai valer a pena. 

A gente organizou. Decidimos apertar para que caiba no orçamento, tentamos uma parcela que ficasse compatível com o que já era a energia. Daqui a 4 anos estaremos sem essa conta
Regina Maia
professora

Maior procura 

Conforme o gerente comercial da Sou Energy Distribuidora, Mário Viana, que fornece o equipamento para revendedoras de energia solar, a procura por painéis fotovoltaicos cresceu nos últimos 2 anos. O maior pico, segundo ele, foi no segundo semestre  

Ele conta que cerca de 70% dos negócios fechados provêm de financiamentos bancários. A maior parte dos clientes, 75%, encomendam projetos para sistemas residenciais.  

Para Daniel Queiroz, o surgimento de uma maior variedade de linhas de crédito incentiva a aquisição de equipamentos de geração de energia. 

De acordo com ele, o primeiro passo deve ser a procura por empresas de confiança para a prestação do serviço. Só então o cliente deve se preocupar com a obtenção de crédito para a instalação. 

Daniel indica buscar há quantos anos a empresa está no mercado, número de projetos já feitos e mesmo entrar em contato com clientes para conhecer o pós-venda. Também é importante checar se a empresa está ligada a alguma organização, como o Sindienergia.  

Vale a pena? 

O valor do investimento varia de acordo com o perfil do cliente e a necessidade de produção, começando em R$ 30 mil e podendo passar de até R$ 2 milhões para empresas de maior porte.  

Portanto, conforme o pesquisador do Centro de Estudos e Regulação em Infraestrutura (Ceri) da FGV, Diogo Lisbona, é importante analisar o valor da própria tarifa de energia mensalmente antes de tomar a decisão. 

Tem que analisar a sua tarifa de energia, porque faz parte da conta em quanto tempo você recupera esse investimento, quanto maior a tarifa, mais vantajoso fica. No financiamento tem que levar em conta qual a taxa de juros e o custo de instalação
Diogo Lisbona
pesquisador do FGV Ceri

Ele destaca que, com a tendência de altas da tarifa de energia, a geração própria pode ser uma opção vantajosa, já que o excedente de produção pode ser utilizado como crédito em até 60 meses.  

“Tem 60 meses para aproveitar os créditos, se injetar muita energia em um mês com pouco consumo vou ter crédito. É muito tempo para compensar. A tarifa de energia hoje está cara e a tendência é que até aumente. Quanto maior a perspectiva de aumento de tarifa, mais rápido é o seu retorno”, diz. 

Daniel afirma que, apesar dos juros de financiamento, a instalação do equipamento traz vantagens a longo prazo. 

“É uma parcela fixa, não tem mais oscilações. E após aquele período a economia vai ser de 100%, vai poder contemplar toda a economia que aquela usina traz para você”, defende. 

Importante salientar que, mesmo com as placas de energia solar, o consumidor ainda precisa pagar a taxa mínima da conta de luz, referente à manutenção da infraestrutura e iluminação pública. Por isso, o investimento não faz sentido para quem já tem um consumo próximo do mínimo.  

Em meses que a produção própria seja menor – devido a períodos de chuva, por exemplo – o excedente consumido pela residência será cobrado pela distribuidora de energia da região caso não haja créditos. 

Bancos com linha de financiamento para energia solar 

BNB 

Público: Pessoas físicas, empresas e produtores rurais. 

Prazo: Até 96 meses para pessoas físicas e até 144 meses para empresas e produtores rurais. 

Carência: 6 meses. 

Limite de financiamento: Até 100% do investimento, dependendo do porte do cliente, localização e garantias. Para pessoas físicas, há limite máximo de R$ 100 mil de financiamento. 

Taxas e juros: de 0,39%% a 0,59% a.m., a depender do perfil e do rendimento bruto anual. 

Contratação: solicitação pode ser feita na conta-corrente digital. 

Santander 

Público: Pessoas físicas, jurídicas e clientes agro. 

Prazo: Até 96 meses.  

Carência: 120 dias para pessoas físicas e jurídicas. Fluxo semestral ou anual de pagamento para clientes agro. 

Limite de financiamento: Até 100% do valor do equipamento + instalação. 

Taxas e juros: a partir de 1,11% a.m. 

Contratação: direto nas agências. 

Banco do Brasil 

Público: Pessoas físicas, empresas e produtores rurais. 

Prazo: De 2 a 60 meses. 

Carência: Até 120 dias para pessoas físicas e até 180 dias para micro e pequenas empresas. 

Limite de financiamento: Até 100% do valor do equipamento + instalação para pessoas físicas, com limite entre R$ 5 mil e R$ 100 mil. Para pessoas jurídicas, é possível financiar até 90%. 

Taxas e juros: a partir de 1,09% a.m. 

Contratação: por meio do aplicativo BB. 

Caixa 

Público: Pessoas físicas. 

Prazo: Até 60 meses. 

Carência: Até 180 dias.  

Limite de financiamento: Até 100% do valor do equipamento + instalação.  

Taxas e juros: a partir de 1,17% a.m. 

Contratação: nas agências. A linha foi anunciada na última semana, e a previsão de lançamento é no mês que vem. 

Bradesco 

Público: Pessoas físicas e jurídicas, limitado a correntistas. 

Prazo: Até 60 meses.  

Carência: Até 90 dias.   

Limite de financiamento: Até 100% do valor do equipamento + instalação.   

Taxas e juros: a partir de 0,99% a.m.  

Contratação: nas agências.