Chegou ao fim neste sábado (21) o Conexão ODS. O evento, que ocorreu no complexo do Beach Park, na Grande Fortaleza, foi organizado pelo Somos Um e pelo Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU). Foi o primeiro simpósio em larga escala fora do eixo Sul-Sudeste na esteira dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) e contou com a presença de diversos nomes ligados à área da sustentabilidade.
O sábado ficou marcado pela palestra de Muhammad Yunus, Nobel da Paz em 2006 e cofundador da Yunus Negócios Sociais, além de Jana Lessenich e Tulio Notini, CEO Global da empresa e diretor de investimentos no Brasil, respectivamente. Debates relacionados ao cuidado com os oceanos, como o Blue Keepers, também foram destaques.
O evento, fechado para convidados, contou com a presença de diversas autoridades, dentre elas a primeira-dama do Estado do Ceará, Lia Freitas, que exaltou o Conexão ODS e ressaltou a importância de programas como o Ceará Sem Fome e a tentativa de implementação de um escritório em Fortaleza de representação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO Brasil).
“O governador está extremamente envolvido, tem tentado trazer a FAO aqui para o Ceará, o primeiro estado fora de Brasília a ter uma sede, mas a ONU deu uma bloqueada nas relações subnacionais. A gente está com uma tratativa junto ao Ceará Sem Fome para fazer um acompanhamento do mapa da fome especialmente no estado, e como primeira ODS, erradicar a pobreza. (…) A partir do programa Ceará Sem Fome e com ações imediatas com o nosso povo que realmente se encontram com renda muito baixa, alguns deles, queremos chegar para eles e falar o quanto é importante essa intersetorialidade com Pacto Global, Poder Público, sociedade civil e iniciativa privada, para que juntos possamos trazer uma solução para se libertar da condição da fome”, enfatizou a primeira-dama do Ceará.
“Superou todas as expectativas”
Uma das organizadoras do Conexão ODS, Ticiana Rolim, empreendedora social e CEO do Somos Um, celebrou o êxito do evento no Beach Park e pediu atenção especial aos investimentos feitos por empreendedores e empresas, com foco em responsabilidade ESG (sigla para ambiental, social e governamental) e aplicações de impacto.
“Foi maravilhoso, inesperado, superou todas as expectativas, não só dos painéis, mas da arte, da cultura, da troca, das pessoas, da emoção e da construção conjunta que estamos fazendo nesse lugar”, comemorou.
A reflexão que trago é que a gente precisa saber o que o nosso dinheiro está financiando. Não é só perguntar quanto e quando eu vou ganhar, mas sim o quê ele vai causar no mundo. Vai causar impacto negativo no meio ambiente e explorar pessoas? Então não vou colocar dinheiro, preciso ser coerente com os meus valores. Não adianta atuar em um monte de filantropia, criar uma ONG, mas o meu dinheiro está investindo negócios que não estão gerando impacto. Precisamos fazer essa reflexão, falar com gestores financeiros e perguntar o que tem de retorno de impacto, como está sendo medido esse impacto para que o nosso dinheiro também seja instrumento dessa mudança.
Negócios de Impacto
Para Tayná Leite, head de direitos humanos e trabalho do Pacto Global, a realização do Conexão ODS na Grande Fortaleza mostra uma demanda reprimida por eventos do gênero fora do eixo Sul-Sudeste, sendo necessário observar as boas práticas de sociais, sustentáveis e de governança na porção Norte-Nordeste do Brasil.
“O Nordeste tem muito a ensinar em quase tudo para o Brasil. Tem muito potencial de criatividade, de inovação, e certamente na área de sustentabilidade não difere, a gente precisa olhar para o que está sendo feito e para o que está acontecendo aqui. A gente teve oportunidade de fazer várias visitas a projetos que mostraram que têm muita coisa acontecendo, a gente só precisa desviar o olhar e escutar o que está rolando”, analisa.
O evento, que acabou no início da tarde deste sábado, contou ainda com o Desafio Inovação com Impacto, da Somos Um. Oito negócios de impacto de todo o Nordeste, com políticas afirmativas para problemas socioambientais, foram selecionados. Os dois melhores ranqueados receberam ainda um prêmio de R$ 50 mil cada.
Os dois selecionados vieram de Salvador (BA): o EcoCiclo, que desenvolveu o primeiro absorvente biodegradável do Brasil, empregando mulheres em situação de vulnerabilidade social, e o AfroSaúde, que promove a equidade e acesso especializado à saúde para a população afro-brasileira por meio digital.