A inadimplência nos condomínios de Fortaleza e Região Metropolitana está crescendo consideravelmente em 2015, situação puxada pela crise econômica que afeta o Brasil. Em comparação ao resultado do ano passado, os pagamentos em atraso aumentaram de 20% a 25% e estão sendo observados até mesmo nos imóveis onde as contas eram pagas em dia.
De acordo com sócio-diretor do Grupo Gestart - Soluções para Condomínios, Raphael Mota, a situação é preocupante, pois a inadimplência é um dos causadores do desequilíbrio financeiro nos condomínios. "Como os cálculos de previsão orçamentária são baseados no rateio entre os apartamentos, quando um percentual superior ao de 5% deixa de pagar, já pode comprometer a situação financeira do condomínio", afirma.
Ele aponta alguns fatores que estão contribuindo com a inadimplência, entre os quais estão as maiores despesas mensais com materiais, contratos e serviços. Em função do atraso do pagamento dos moradores dos condomínios, diversos condomínios reduzem gastos com alguns contratos com cobertura 24 horas, que traz maior segurança e agilidade no atendimento em caso de emergência.
Até mesmo melhorias e reformas previstas para os prédios estão sendo adiadas devido à inadimplência, sendo realizados apenas serviços essenciais e de emergência.
"Está ocorrendo, sim, a suspensão ou adiamento de reformas, benfeitorias e equipagens de espaços destinados ao lazer e a convivência entre condôminos, pois esses investimentos podem ficar em segundo plano frente às obras emergenciais como recuperação de fachadas e infiltrações", acrescenta.
Energia
O reajuste dos custos com as concessionárias públicas teve um grande impacto na previsão orçamentária dos condomínios, com destaque para o custo com energia, que teve um reajuste de, aproximadamente, 45% apenas neste ano. O percentual de aumento na taxa de condomínio é variável de acordo com o tamanho, quantidade de apartamentos e porte do condomínio, mas, em média, constata-se um reajuste de 15 a 20%.
"Estamos economizando energia, trocando as lâmpadas normais por lâmpadas LED, instalando sistema de sensores. Temos que ser muito transparentes na prestação de contas, porque isso diminui a inadimplência. Os condôminos precisam utilizar seus equipamentos de forma adequada", observa o diretor da Meta - Condomínios e Serviços, Marcos Vinícius.
Outro fator que nos próximos anos terá um impacto nas previsões orçamentárias são as inovações e procedimentos obrigatórios estabelecidos pela nova lei de inspeção predial, que torna obrigatório uma séria de procedimentos para manutenção e inspeção das instalações dos condomínios, impactando diretamente na hora do cálculo das referidas taxas.
Tendência
Considerando o aumento da inflação e o impacto da alta dos preços no salário dos condôminos, a expectativa é que a inadimplência só aumente, principalmente nos imóveis com menos unidades.
"A gente acredita que a situação vai ficar mais complicada. Realmente, as despesas estão grandes. Os condomínios que têm entre 100 e 150 unidades vão suportar mais esse peso", diz Francisco Fernandes, do departamento administrativo financeiro do Grupo Esquadra.
Negociação
Entre as alternativas oferecidas aos condôminos para facilitar a quitação de dívidas estão acordos de parcelamento dos débitos; negociações de contratos de manutenção; maior critério nas pesquisas de preço de materiais necessários; investimento em tecnologias mais econômicas; e conscientização de moradores sobre o consumo de água e energia, por exemplo.
Embora também sejam vistos como possíveis caminhos, aumentar cotas ou cobrar cotas extras poder ser mais complicado neste momento, como explica o gerente regional no Nordeste de condomínios da Apsa, Alex Fabiano. "Em função do aumento da inadimplência, podemos sugerir maior severidade nas ações de cobrança, como diminuir o tempo para ajuizamento, cartas com teor mais assertivo, aumentar a quantidade de contatos, etc", ressalta.