Competitividade no setor de crédito possibilita ofertas mais vantajosas para o consumidor

Inovações tecnológicas como o Pix e o Open Banking acirram a competitividade entre instituições financeiras em busca de propostas mais assertivas

Inovações recentes no universo financeiro, como o Pix e o Open Banking, que está em sua terceira fase de implantação, acirram a concorrência no setor de crédito, o que pode trazer melhores condições para o consumidor. 

Com as medidas tecnológicas que fazem parte da Agenda BC#, do Banco Central, as instituições financeiras conseguem traçar perfis e propostas mais assertivas para o cliente. É sobre o que falou o presidente do Conselho de Administração do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), Roque Pellizzaro Junior, em palestra nesta quinta-feira (17) na Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL Fortaleza). 

Conforme Roque, o Ceará e o Nordeste como um todo passam por um momento maior de inadimplência para pessoas físicas, ainda em recuperação da pandemia. A assertividade na elaboração do cadastro positivo e a tecnologia no momento da cessão de crédito diminuem os custos, o que pode ser uma forma de amenizar o problema. 

Cadastro positivo 

Para Pellizzaro, o cadastro positivo e o Open Banking trazem uma individualização do cadastro de crédito, o que consegue diminuir os custos para os operadores financeiros.  

Ele explica que o custo do crédito é composto pelo valor em si do dinheiro, impostos, custos operacionais e o fator de risco. Essa última variável deve ser barateada com a possibilidade de os bancos conhecerem o histórico de pagamentos de cada tomador de crédito. 

“Até agora, emprestávamos pelo risco médio. Essas ferramentas que entram em operação estão individualizando o crédito”, destaca.  

Segundo ele, a redução custo de risco pode ser um incentivo até mesmo para um retorno dos crediários varejistas, algo que, segundo o presidente da CDL Fortaleza, Assis Cavalcante, é importante para o varejo. 

O crediário é muito importante, o varejo nasceu com crediário. Há uma tendência de voltar e hoje já existe esse tipo de venda quando operamos por via online. O crediário vai ficar muito mais pujante, com mais confiança, porque o lojista que vai fazer avaliação do crédito do tomador crédito vai poder exatamente verificar como está o score dele
Assis Cavalcante
presidente da CDL Fortaleza

Roque ressalta que o mercado de crédito está mudando e que a previsão de crescimento no Brasil nos próximos anos é “absurda”. O setor deve se tornar mais competitivo tanto em termos de preço como em qualidade. 

O desafio para os birôs de crédito, dessa forma, é “gerar facilidade para os entrantes e crescer com eles”.  

“A contribuição que o cadastro positivo e Open Banking trazem é muito grande. Isso a gente está olhando até agora só pelo lado do tomador de crédito, mas quando eu derrubo as barreiras que haviam de entrada pra novos concessores de crédito, eu também no médio e longo prazo aumento a oferta de crédito”, coloca. 

Inadimplência no Nordeste 

Conforme dados da análise de inadimplência de pessoas físicas do CNDL/SPC Brasil, o Nordeste foi a região com maior índice de dívidas não pagas em fevereiro de 2022. Enquanto no Brasil a percentagem média de inadimplência anual ficou em 12,70%, o índice foi de 13,86% entre os nordestinos. 

Pellizzardo explica que esse comportamento ocorre diante de um descasamento do retorno econômico após o fechamento dos estabelecimentos entre as regiões do país. 

O Nordeste tem um descolamento no timing. Porque o Centro-Sul do Brasil começou a retomada antes do que os estados do Nordeste. Santa Catarina, por exemplo, foi um estado em que ficou em lockdown só 26 dias. Teve estado aqui no Nordeste com 120, aqui em torno de 70 dias. Isso faz com que as coisas aconteçam em timings diferentes de estado pra estado
Roque Pellizzardo
presidente do conselho de administração do SPC

No Nordeste, é observado um momento de crescimento da inadimplência de pessoas jurídicas. Ele analisa que, no Sul, já ocorre uma redução dessa curva para empresas, ao passo que ocorre uma subida mais vertiginosa da inadimplência para pessoas físicas.