O escândalo contábil que expôs uma dívida de R$ 41,2 bilhões da Americanas tem levantado uma série de questionamentos a fornecedores, credores, instituições financeiras, funcionários e consumidores sobre as consequências do problema. Uma das dúvidas que atinge o público da empresa é: o que deve acontecer com o cashback da Ame.
A Ame é a conta digital da Americanas que concede cashback de parte do valor da compra realizada no site da companhia, além de dar descontos em postos de gasolina e permitir transações financeiras, como pagamento de boletos e transferências via Pix.
Dias após o rombo, então de R$ 20 bilhões, vir à tona, usuários começaram a relatar dificuldades em acessar a conta digital e em utilizar o saldo disponível.
"Já pararam de honrar: desde o dia 3 de janeiro minha compra com cashback da ame foi cancelada e até agora as @americanas não estornou o valor. Já fiz reclamação no reclame aqui 2x, tentei entrar em contato com os canais de atendimento e nem tchum", escreveu uma usuária.
"A maior prova de que a Americanas sabia o que estava fazendo eu não vi ninguém aqui comentar: no final do ano, eles fizeram uma promoção louca nos produtos com 90% de cashback AME de volta. Até coloquei aqui. Conheço gente que gastou 50, 60 mil, comprando pra revender", alertou outra.
"E assim gente, quem tiver cashback no AME, gasta o mais rápido possível, pq pra eles inventarem de tirar esse dinheiro é dois palito", aconselhou um terceiro.
Em comunicado no site, a Americanas garante que as operações da Ame estão normais e não representam risco aos clientes.
"O cashback nas contas digitais da Ame seguirá disponível normalmente, podendo ser utilizado de diferentes formas, de acordo com a política de utilização vigente", esclarece o texto.
Recuperação judicial
No dia 19 de janeiro, a Justiça aceitou o pedido de recuperação judicial da Americanas. O valor total das dívidas da companhia soma aproximadamente R$ 43 bilhões.
A decisão de acatar a solicitação é do juiz Paulo Assed Estefan, da 4ª Vara Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro.
No documento, o juiz afirma que essa é "uma das maiores e mais relevantes recuperações judiciais ajuizadas até o momento no país".
O juiz ressaltou que é preciso separar as eventuais responsabilidades e atos praticados por gestores da necessidade de proteção da atividade econômica empresarial.
Com o pedido aceito, a Americanas tem um período de 180 dias de suspensão de todas as dívidas, prorrogável pelo mesmo período. A companhia terá ainda 60 dias para apresentar um plano inicial para reestruturação.