Após meses sucessivos de desvalorização do real frente ao dólar desde 2020, a movimentação se demonstrou contrária nas últimas semanas. Nesta quarta-feira (16), a moeda americana estava cotada a R$ 5,16 (atualização às 13h48), o menor valor desde setembro de 2021. Na mínima do dia foi registrado o valor de R$ 5,19.
Da mesma forma, o dólar turismo também registrou queda, estando cotado a R$ 5,17 nesta quarta. Desde o final de dezembro do ano passado, a moeda vem em tendência de queda.
Com isso, pode ser vantajoso para os brasileiros de viagem marcada ao exterior comprarem o dólar atualmente. Contudo, é preciso cautela, alerta o economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, já que é uma variável instável.
Considerando que está em queda no ano, o meu conselho é que, quem for comprar neste momento, adquira um pouco, até porque a moeda em espécie é mais cara. Mas não dá para adiar o poder de compra pensando que o dólar pode cair ainda mais amanhã por exemplo, é uma variável complexa e instável”.
O economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon-CE), Ricardo Coimbra, acrescenta que esse é um momento favorável para aqueles brasileiros que têm um objetivo de viajar neste ou no próximo semestre.
"A taxa de câmbio que estamos vendo é semelhante ao que tínhamos em agosto e setembro do ano passado, então pode ser interessante para quem vai viajar nos próximos meses para encontrar a moeda num bom preço", aponta.
Comprar aos poucos
Porém, para aproveitar o melhor valor e de forma estratégica, os especialistas pontuam que uma possibilidade é comprar o dólar aos poucos. “Como não dá para traçar um cenário de que vai continuar caindo ou aumentando, o ideal é ir adquirindo a moeda aos poucos”, explica Bertotti.
Analisando de forma geral, é interessante que as pessoas que estão com viagem já marcada possam fazer essa composição. E, se cair ainda mais, pode se tornar mais vantajoso para aquele que quer evitar uma incerteza”.
Caio Ito, diretor da Ourominas Ceará, casa de câmbio em Fortaleza, afirma que a queda vem, inclusive, já aumentando a procura por dólar nesses estabelecimentos especializados. “Ficamos quase dois anos sem poder fazer viagens por conta da pandemia e o mercado está retomando agora, isso também tem impactado na procura”.
Para Ito, a recomendação é que distribuir as compras da moeda para conseguir um preço médio adequado ao orçamento e evitar eventuais perdas. “Hoje caiu, aí a pessoa compra, e se amanhã cair mais, você pode acabar perdendo dinheiro”.
Dólar deve cair ainda mais?
Apesar da tendência de queda, não há como garantir que a moeda americana se mantenha em patamares mais baixos nos próximos meses, já que a volatilidade do mercado internacional com a tensão entre Ucrânia e Rússia e os fatores domésticos, como as eleições deste ano, devem impactar na taxa cambial.
“O dólar perdeu força em relação ao real muito por causa dessa entrada de fluxo estrangeiro que vem tendo no Brasil agora, o processo de retirada de estímulo tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. A questão fiscal é um ponto que afeta o mercado doméstico somado a um processo de eleições, que sempre traz volatilidade e incerteza pro mercado”, ressalta Bertotti.
Outro fator que tende à queda do dólar é a alta da taxa de juros no Brasil. No início deste mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a Selic de 9,25% para 10,75% na tentativa de desincentivar o consumo por causa da alta da inflação.
Porém, há uma possibilidade de que os Estados Unidos também pratiquem uma elevação nos juros, o que, conforme Coimbra, pode reverberar no sentido contrário aqui no Brasil, causando elevação do câmbio.