Apesar do custo mais alto, os carros elétricos podem ser uma opção mais econômica no final das contas, a depender do padrão de consumo. Mesmo com o aumento no custo da energia elétrica, uma recarga completa sai mais barata do que um tanque cheio.
O maior impeditivo, contudo, está no investimento inicial para a compra do veículo, que está ainda longe da realidade brasileira. O custo inicial para um carro elétrico está hoje em R$ 160 mil, enquanto um popular a combustão pode ser encontrado até por R$ 60 mil sendo zero quilômetro.
Conforme o diretor do Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Estado do Ceará (Sindienergia-CE), Paulo Siqueira, a estrutura para a utilização de carros elétricos também ainda precisa ser evoluída no Brasil para tornar a tecnologia mais difundida e acessível.
Apesar de bem mais caros no momento da compra, a economia no consumo pode compensar para quem tem uma rodagem muito alta, como frotistas e aplicativos de transporte.
Consumo mais em conta
O engenheiro eletricista e diretor da Elev, Ricardo David, explica que o custo de recarga de um carro elétrico é muito inferior ao de abastecer um tanque. Segundo ele, em média um veículo movido a eletricidade consome 0,15 kWh por quilômetro rodado.
Simulando uma distância de 400 km, a carga completa da bateria custaria R$ 62 considerando a atual tarifa de baixa tensão da Enel Ceará, de R$ 1,04 por kWh.
Um carro por combustão de 10 km por litro vai gastar 40 litros de combustível. Considerando a gasolina R$ 7,50 por litro, ele vai gastar R$ 300 para andar os mesmos 400km".
Ele acrescenta que o consumidor ainda deve economizar em manutenção, afirmando que os carros elétricos precisam de menos reparo e troca de peças.
Para quem vale a pena?
Por mais que sejam uma opção mais econômica, os carros elétricos não chegam a ser acessíveis à população. Para Ricardo, o investimento inicial só vale a pena para quem roda por volta de 50 mil km por ano, um padrão bem distante do consumidor comum.
“Nesse momento, um carro que custa R$ 150 mil não chega para a média da população brasileira. Hoje não é por economia em dinheiro que você vai comprar um carro elétrico. A não ser que você tem condições ou seja alinhado com questões ambientais”, aponta.
Paulo Siqueira destaca que, devido à rede de atendimento para a recarga de carros elétricos ainda ser escassa, o veículo é mais viável para uso urbano, onde se torna mais fácil encontrar a estrutura necessária.
“O custo vai cair quando tiver uma escala industrial, mas para haver escala industrial precisa de um desenvolvimento da rede de atendimento”, diz.
Ele afirma ser difícil cravar a partir de qual consumo a compra do carro elétrico compensa, mas reforça que quem pensa em fazer o investimento deve fazê-lo com foco no longo prazo.
Quem faz o investimento no carro elétrico tem que pensar em ficar com ele por mais tempo. Se fizesse um investimento agora com objetivo de um prazo maior, conseguiria amortizar o investimento alongando o prazo".
O professor do departamento de engenharia elétrica da Universidade Federal do Ceará (UFC), Sérgio Daher, considera que a compra é vantajosa para quem roda por volta de 10 mil quilômetros mensais.
"Isto se dá pelo alto preço da substituição do banco de baterias e pela possível desvalorização na venda futura do veículo", ressalta.
Popularização do carro elétrico
Ricardo David considera serem necessárias políticas nacionais de eletromobilidade para popularizar o uso de veículos que, além de mais econômicos, contribuem para a redução da emissão de carbono na atmosfera.
“É preciso haver uma política nacional que vai direcionar toda a política tributária, desonerar esse investimento para que ele possa se expandir mais”, acredita.
Para Sérgio Dahrer, a popularização leva mais em conta questões políticas do que técnicas em si.
"Do ponto de vista técnico, o único obstáculo ainda são as tecnologias disponíveis de baterias. Mas que atualmente não é mais o maior ou único empecilho", coloca.
Paulo Siqueira diz que a transição dos carros a combustão deve ocorrer por meio de veículos híbridos, que rodem a gasolina ou a eletricidade.
“Existe um movimento, algumas montadoras só vão sair carro a partir de 2025 híbridos e a partir de 2030 carros elétricos ou com hidrogênio. Acho que a transição vai ser mais rápida do que a gente pensa. A minha expectativa é que isso pode acontecer mais rápido, em 10 anos 20% da frota nova sendo 100% elétrica e o restante híbrido”, prevê.