Cerca de 37% dos domicílios cearenses têm moto e 28% possuem carro

De acordo com o IBGE, o número de veículos nas casas do Ceará vem de uma constante alta nos últimos anos

O número de domicílios no Ceará com motocicleta superou, novamente, o de carros, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nessa sexta-feira (16). As motos estão em 37,3% das casas cearenses, enquanto os veículos de duas rodas se fazem presentes em 28%. 

 No total, 1,1 milhão de domicílios possuem motos. A Pnad Contínua aponta ainda um total de 865 mil residências com veículos de quatro rodas. De acordo com o IBGE, o número de fechou em todo o Ceará em 2022 fechou em pouco mais de 3 milhões. 

Casas com moto e carro aumentaram 32%

Quando se analisa número de casas onde ambos os veículos são utilizados, o dado é 10% nos domicílios.. A Pnad Contínua não dispõe de dados de 2020 e 2021 por conta da pandemia da Covid-19, mas ao analisar os dados entre 2016 e 2019, contando com 2022, é possível perceber que todos os números aumentaram, incluindo o de quem tem moto e carro em casa. 

O aumento entre o dado de 2016 e o dado de 2022 foi de 32%. Há sete anos, 233 mil residências possuíam motocicleta e carro, enquanto no ano passado 308 mil informaram ter os dois. 

Esse é o caso do motorista Francisco Hélio Braz da Costa, 47 anos. Ele usa sua moto prioritariamente para o trabalho e deixa o carro para as necessidades da família e para o lazer. 

O critério é econômico: "Não se compara a economia da moto com a do carro para trabalhar no dia a dia". 

"Às vezes uso o carro no meio da semana para resolver alguma coisa o levar um filho em uma consulta, ou então quando está chovendo. O carro é muito importante também quando você quer fazer uma viagem com a família, passear e fazer compras, pois ficar dependendo de carro por aplicativo e favores não dá", aponta o motorista. 

Motocicletas como geradoras de renda 

Para o professor de Economia Ecológica da Universidade Federal do Ceará (UFC) Aécio Alves de Oliveira, é possível que o aumento do número de motos nas residências cearenses seja explicado pela procura de formas alternativas de geração de renda. Tanto para entregadores de aplicativos de comida quanto transporte, é muito mais viável ter uma motocicleta. 

Esse meio se torna mais popular, pois o veículo de duas rodas consome menos combustível e é mais barato para comprar e manter. 

"As pessoas estão se virando de alguma maneira, quem não tem emprego formal tem que conseguir alguma maneira de ganhar dinheiro", analisa o especialista. 

Sonho do carro zero 

A coordenadora operacional Vanêssa Madeira, 28 anos, realizou o sonho de ter um carro zero em 2022. Após anos juntando dinheiro, a casa dela se tornou uma das 865 mil no Ceará com veículos de duas rodas. 

Ela levou em conta fatores como a segurança, pois por muitos anos ela foi usuária do transporte coletivo. Vanêssa chegou a considerar a compra na pandemia, mas os preços de carros novos acabaram elevando-se. 

"Optei por adquirir o veículo após a pandemia, quando as coisas já estavam voltando ao normal. Eu sempre tive esse sonho e esse processo em si faz parte da minha trajetória e da minha família. Eu vejo o carro como um conforto para minha família e para os amigos quando a gente vai sair de casa. Eu me sinto mais segura do que quando eu andava de ônibus".

Para manter o veículo, ela busca sempre estar em dia com o planejamento financeiro. "É muito importante fazer as manutenções e estar com tudo regularizado, pois é um fato de segurança com sua vida e com a vida de quem anda com você e as pessoas na rua", assinala Vanêssa. 

Número de veículos deve seguir em alta 

Aécio Alves pontua que as razões para o aumento de carros em residências não são tão claras quanto as de moto, pois é preciso fazer um recorte de renda. Entretanto, ele acredita que os indicadores sigam em alta para o próximo ano.

Ele cita a inserção de programa de descontos em carros populares, lançado neste ano pelo governo federal. 

"As pessoas seguraram suas compras quando perceberam que vinha um programa de incentivo a compra de veículos. E se você perceber, as revendas de veículos usados estão superlotadas exatamente em função da expectativa que se criou em torno da redução do preço dos carros", aponta.