O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo de fevereiro apontou que a cenoura teve aumento de 55,41% em um mês em Fortaleza. Na Ceasa Ceará, o quilo do leguminosa está sendo comercializado a R$ 10.
De acordo com o analista de mercado da Ceasa, Odálio Girão, o preço da cenoura ainda teve um acréscimo de 20% apenas na última semana. Entre os fatores que justificam o aumento, ele acredita que as fortes chuvas ocorridas no sudeste do Brasil e na Bahia em janeiro provocaram a forte alta.
"Os produtores de cenoura sofreram com a quebra de safra devido as chuvas fortes da região de Minas Gerais e Bahia. Com a escassez do produto, os preços ficam elevados", afirma Odálio.
Vale lembrar que a capital cearense apresenta a maior alta acumulada do Brasil dos últimos 12 meses no grupo de tubérculos, raízes e legumes.
Por isso, Odálio também chama atenção para outros dois vegetais que apresentaram aumento nos últimos meses: a batata-inglesa e a cebola. Veja abaixo como e porque esses vegetais foram os "vilões" da inflação do último mês.
Chuvas de Minas e Bahia influenciam alta da cenoura
As prateleiras dos supermercados devem repassar valores de até R$ 14 para as cenouras. A alta da leguminosa ainda é reflexo das chuvas que castigaram os estados de Minas Gerais e Bahia.
"Na Ceasa, o produto está sendo vendido por cerca de R$ 10 e pode chegar ainda mais caro no atacado, o que impacta no varejo já que na hora que o dono de supermercados encontram um preço bem mais elevado, ele vai repassar para o consumidor", ressalta.
Ainda segundo o consultor, a produção cearense da cenoura não é suficiente para suprir o mercado interno. "Além disso, não vamos ter uma diminuição do valor por causa da alta nos combustíveis", diz.
Transporte da cebola deve impactar preços
Quanto à alta da cebola, Odálio a atribui às condições de transporte do vegetal, que ocorre via caminhão e percorre uma longa distância até chegar ao mercado cearense.
"Ainda nem estamos considerando o aumento da gasolina no atual valor da cebola. Por vir de Petrolina (PE) e até da Bahia, com certeza deve contribuir com a alta. O pior cenário seria a falta de cebola por aqui e ter que buscar no Rio Grande do Sul, aí com a alta da gasolina teremos problemas", afirma Odálio.
O atual valor da cebola, mencionado por Odálio, é cerca de R$ 4 no atacado da Ceasa.
Batata inglesa
Campeão de consumo nos lares cearenses, segundo o consultor, a batata inglesa também conta com um transporte via caminhão. O maior desafio é justamente a distância dos produtores aos mercados cearenses. Atualmente, a batata inglesa chega a ser comercializado, na Ceasa, por cerca de R$ 6.
A mesma situação acontece com o milho que percorre um longo caminho, vindo da região Centro Oeste e passando pelo Porto de Santos (SP).
O que esperar para os próximos meses?
Segundo Odálio, esses alimentos devem seguir caros, tanto devido às condições climáticas quanto aos efeitos do aumento da gasolina. No entanto, não devem ultrapassar o valor já estabelecido.
“A cenoura, a batata inglesa e a cebola não devem aumentar ainda mais, tendo em vista que isso tem impacto no mercado consumidor. Então, eles vão permanecer neste patamar, a não ser que aconteça uma escassez muito forte, o que não é o caso no momento", projeta.
Ele pondera que o cenário pode ser positivo para outros alimentos, como feijão-verde, grãos e o abacate.