Ceará vai ao Irã buscar parceiros para refinaria

Data para a viagem será debatida na próxima semana, após reunião com os chineses que querem instalar a usina

O secretário de Assuntos Internacionais do Estado, Antônio Balhmann, viajará nas próximas semanas ao Irã. Na agenda, ele vai negociar com empresários a questão do fornecimento de óleo para a refinaria a ser instalada no Ceará. "Eu vou para São Paulo na segunda-feira (11) para me reunir com os chineses exatamente para definir essa data da viagem. Quando compreendemos isso, passamos a procurar os parceiros inéditos. Possivelmente seja a Nioc (National Iranian Oil Company) uma das fornecedoras de óleo", afirma Balhmann.

Segundo ele, nessa viagem ocorrerão discussões sobre a logística de fornecimento do óleo. "Estão previstos 300 mil barris de petróleo por dia. São necessários seis navios de 50 mil barris. É uma unidade de refino muito parruda, muito grande, então é preciso discutir essa questão da logística", diz ele.

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Em relação ao cronograma para a decisão dessa questão da logística de carregamento de óleo, Balhmann reitera que o assunto está em pauta a partir da implantação da unidade. "São duas coisas fundamentais: primeiro, nós estamos trabalhando para a refinaria e petroquímica. Isso significa dizer que estamos lutando para trazer a indústria de segunda linha com valor agregado mais alto. Mas agora, em termos de fornecimento, de formação do grupo parceiro, nós queremos que seja o Irã porque eles já são tradicionalmente um fornecedor de óleo para o refino para as empresas chinesas".

Terreno

Conforme Balhmann, a área que inclui uma refinaria e uma petroquímica será de mil hectares. "O terreno que a Petrobras exigiu do Estado na época foi de dois mil hectares. Depois ela disse que precisava de apenas mil hectares. Então, nós separamos uma parte do terreno para as indústrias diversas", explica.

Com a outra parte do terreno, o secretário diz ainda que o governo estadual vai lançar uma nova área para a Zona de Processamento de Exportação (ZPE).

"Nós vamos lançar agora a nova área da ZPE 'alfandegada'. A obra já começou e temos que ver a questão de burocracia. São 150 hectares para as novas indústrias que estão se instalando lá", afirma Balhmann.

Interesse chinês

O Estado assinou nesta semana com o Banco de Desenvolvimento Chinês um memorando de entendimento que consolida uma pactuação para construção de estratégias em prol do desenvolvimento econômico do Estado, e possibilita que empresas implantem e patrocinem projetos locais relevantes. O memorando está em vigor pelo período inicial de três anos e poderá ser prorrogado caso haja consentimento futuro mútuo das partes.

"Uma coisa importante que nós temos é a questão dos recursos. Há um interesse formal do governo chinês em ajudar o projeto. Já tem os fundos, o Claifund (Fundo de Investimento da Cooperação Industrial China-LAC Co., Ltd.), que é o fundo que vai financiar esses recursos para a construção da refinaria".

O Claifund classifica projetos considerados prioritários pelo governo brasileiro em setores de infraestrutura, bem como nos demais setores abrangidos pelo Memorando de Entendimentos, e que possam facilitar a cooperação da capacidade industrial entre o Brasil e a China.

Empregos

O secretário de Assuntos Internacionais ainda afirma que os chineses já estariam aqui no primeiro semestre do ano que vem. "Há um preparo nosso já colocando a chancelaria brasileira que o mesmo fenômeno que ocorreu com os coreanos vai acontecer agora com os chineses e que portanto vamos precisar do apoio deles".

De acordo com ele, durante a construção da refinaria haverá geração de cerca de 10 mil empregos diretos. "A mão de obra nessa fase será cearense. Já os técnicos e engenheiros provavelmente serão chineses", diz Balhamann ao adiantar que durante a operação da unidade "a gente avalia em 2,7 mil empregos".

"Nós temos um cronograma que indica que até o fim do primeiro semestre de 2018, em junho, acontecerá a apresentação para o banco chinês. O julgamento do projeto levaria em torno de seis meses". Conforme projeções do governo estadual, a refinaria será implementada em duas fases, com dois trens com capacidade para carregamento de 150 mil barris cada um. "O projeto está avaliado em US$ 4,5 bilhões. Desse valor, US$ 500 milhões serão para o terminal portuário de petróleo. Além disso, tem a parte da petroquímica, avaliada em US$ 3 bilhões", acrescenta Balhmann.