Ceará tem 11 empresas entre as 300 maiores varejistas do País; veja lista

Empresas cearenses do ramo de supermercados se destacam no Estado

O varejo cearense teve 11 das 300 maiores empresas do segmento no Brasil. Os dados foram divulgados pelo ranking da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), que mede os principais conglomerados do comércio nacional. Cinco deles se sobressaíram por apresentarem faturamento acima de R$ 1 bilhão em 2022.

O destaque fica por conta das empresas Mercadinhos São Luiz e Rede Âncora, controladora do Super Frangolândia e do Mega Atacadista. Os dois conglomerados ultrapassaram a casa do R$ 1 bilhão em vendas no ano passado, pela primeira vez desde que o ranking começou a ser divulgado, em 2015.

As gigantes do setor de Supermercados e Hipermercados ficam na 2ª e 3ª posições, respectivamente. A líder cearense do varejo no segmento é o Supermercado Cometa, que também teve aumento no valor das vendas, se aproximando da marca de R$ 1,2 bilhão em 2022.

A rede de farmácias Pague Menos continua a maior empresa varejista cearense. O conglomerado está presente em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal com faturamento próximo dos R$ 10 bilhões.

Para construir o ranking, é considerado também o local da sede das empresas. Apesar da abrangência nacional, a Pague Menos foi fundada no Ceará nos anos 1980 e até hoje mantém a matriz no estado.

Empresas do varejo cearense com faturamento acima de R$ 1 bilhão em 2022:

  1. Pague Menos: R$ 9,81 bilhões (19º no ranking nacional);
  2. Coco Bambu: R$ 1,5 bilhão (130º no ranking nacional);
  3. Supermercado Cometa: R$ 1,19 bilhão (154º no ranking nacional);
  4. Mercadinhos São Luiz: R$ 1,16 bilhão (155º no ranking nacional);
  5. Rede Âncora (Super Frangolândia e Mega Atacadista): R$ 1,02 bilhão (166º no ranking nacional);

SUPERMERCADOS LIDERAM NO CEARÁ

Embora a Pague Menos tenha volume de vendas muito superior às demais varejistas no Estado, as principais empresas no Ceará dentre as 300 maiores do País, entretanto, são do setor de supermercados.

Dos 11 conglomerados cearenses no ranking, sete são desse segmento, representando 63,6% de todas as maiores empresas do Ceará. 

Além da Pague Menos e do Coco Bambu, duas empresas, do ramo de eletrodomésticos, aparecem entre os supermercadistas. São elas: Macavi e Zenir Móveis e Eletros.

Assim como os conglomerados com vendas bilionárias, as demais empresas que aparecem no ranking também tiveram aumento nas transações no ano passado. Veja a lista:

  • Lagoa Supermercado: R$ 629 milhões (239º no ranking nacional);
  • Macavi: R$ 599 milhões (244º no ranking nacional);
  • Bom Vizinho Distribuidora de Alimentos (Pinheiro Supermercado): R$ 576 milhões (253º no ranking nacional);
  • Centerbox Supermercados: R$ 539 milhões (263º no ranking nacional);
  • Zenir Móveis e Eletros: R$ 526 milhões (268º no ranking nacional);
  • Supermercados Moranguinho: R$ 408 milhões (295º no ranking nacional).

RECUPERAÇÃO RÁPIDA 

O aumento nas vendas dos varejistas cearenses mostra que o investimento nos negócios tem apresentado boa margem de recuperação após a crise causada pela pandemia de Covid-19, que causou uma revolução na dinâmica dos negócios.

Segundo o consultor de empresas e professor da Faculdade CDL, Christian Avesque, a boa recuperação do segmento, corroborada com os índices do ranking da SBVC, está amparada em alguns fatores econômicos.

“Houve um repasse de preços muito forte após a pandemia, então as empresas conseguiram reajustar seus preços numa margem de lucro melhor; a gente teve também um incremento muito forte com os consumidores tendo uma vida social mais ampla, ampliando sua cesta de compras mesmo tendo um certo endividamento. Esses setores tiveram um faturamento muito grande”, explica.

Já o professor Randal Mesquita, especialista em varejo e serviços, avalia a presença no digital como fator preponderante para o incremento dos números em um curto período.

“São operações que estão investindo cada vez mais em escalar seu desempenho, sobretudo no digital, proporcionando a seus clientes experiências cada vez melhores. Além da expansão acelerada através dos canais online, podemos observar uma busca incansável por eficiência operacional, otimizando recursos e logística”, diz.

CAIXA PARA INVESTIR E DIVERSIDADE DAS OPERAÇÕES

As cifras atingidas pelos conglomerados cearenses estão ainda mais altas pela liquidez alcançada com os negócios. Com dinheiro disponível, os investimentos vêm se multiplicando, por vezes em segmentos que também estão fora da área de atuação dos varejistas.

Avasque afirma que os varejistas cearenses estão em franca expansão, com importância na economia nordestina, sobretudo melhorando a eficiência das operações no setor.

Esses grupos locais são grandes grupos regionais, já vêm se profissionalizando na última década reduzindo custos operacionais, abrindo mais unidades de negócios, fortalecendo colaboradores e tendo cadeia produtiva que reduz perdas e avarias. Então consegue ter esse faturamento, capilaridade de negócio e caixa para poder fazer novos investimentos
Christian Avasque
Consultor de empresas e professor da Faculdade CDL

“Essas empresas têm capilarização, estão abrindo novos modelos de negócio e diversificando o portfólio, tanto em empresas que vendem mais a questão de qualidade quanto em empresas que trabalhem mais a questão de penetração de mercado, com preços mais baixos. As varejistas locais também estão se tornando empresas de marketplace. Algumas delas estão se preparando também para trabalhar com serviços financeiros, vão ter braço de fintechs”, completa.

O prognóstico para o futuro das varejistas cearenses passa pela manutenção do bom fluxo de caixa para investir, bem como na diversidade de operações, como comenta Randal Mesquita, que ainda ressalta a importância de dedicação à área da pesquisa.

“(Deve haver um) crescimento cada vez mais qualificado do varejo e setor de serviços nos próximos anos, exigindo investimento em pesquisa para desenvolver soluções customizadas que possam atender demandas específicas dos clientes”, orienta.

Avasque condiciona a curva ascendente no setor aos indicadores econômicos, como o controle da inflação, redução no desemprego e recuperação da base salarial.

“Acontecendo isso, a gente terá uma cesta de compras mais elástica, a volta de um consumo mais discricionário, de prazer e experiência, o que o mercado precisa. O mercado varejista, tirando a parte de supermercados, farmácias e drogarias, tem taxas que não são muito grandes de crescimento, mas acredito que deve voltar se essas mudanças estruturais continuarem”, finaliza.