A falta de entrega dos insumos e o encerramento dos estoques também devem provocar a paralisação das atividades das indústrias de embalagens no Estado. De acordo com Roberto Ramos, presidente do Sindicato das Indústrias de Papel, Papelão, Celulose Embalagens em Geral do Estado do Ceará (Sindiembalagens), algumas das pequenas indústrias já devem estar parando.
Ele prevê que, se não chegarem os caminhões com matérias-primas para o setor até no início da próxima semana, mais indústrias do segmento também devem parar as atividades. Se chegar a esse ponto, o presidente avalia que toda a cadeia produtiva entraria em colapso, provocando prejuízos inestimáveis para diversas empresas e pondo em risco a manutenção de milhares de empregos.
"Estamos numa situação muito difícil, porque não estamos recebendo matéria-prima, nem mandando os pedidos dos clientes durante uma reta final de mês, quando tem que encerrar o faturamento. Isso nos obriga a dar uma parada em alguns setores e já há atraso nos pagamentos de clientes nossos por não terem recebido a encomenda", relata Ramos, que estima um prejuízo de cerca de 30% do faturamento das empresas do setor.
Reorganização
Ramos estima que, para as atividades da indústria voltarem ao normal, ainda seriam necessários ao menos 15 dias após a retomada do tráfego rodoviário. "Quando os insumos chegarem, ainda teremos que renegociar os pagamentos com os fornecedores e com os clientes, dar mais prazo. Tudo o que enviamos desde que começou a greve está parado nas estradas. Esses 15 dias, mais 15 de greve, se chegar a isso, é um mês que se perde".
A situação pode impactar até mesmo os resultados do ano, segundo o presidente. Isso porque junho é uma época importante para o segmento por conta das festas juninas, em que se tenta vender mais embalagens considerando o tema festivo. "Mas até alguns dos nossos clientes, outras indústrias, estão com a produção parada porque não recebem as matérias-primas".
O presidente pondera ainda que acha justas as reivindicações contra a escalada de preços do diesel pelos caminhoneiros no País, mas que, ao mesmo tempo, se preocupa com a situação das empresas brasileiras.
"Que a proposta do governo seja aceita e as coisas voltem ao normal, evitando assim demissões. Nove dias parados é muito tempo e o prejuízo já é enorme", argumenta Ramos.