São Paulo. Os investimentos ficaram estáveis no País em agosto, segundo cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O Indicador Ipea de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos na economia) registrou ligeiro recuo de 0,1% em relação a julho. Na comparação com agosto do ano passado, entretanto, o indicador cresceu 0,8%, após 13 meses consecutivos de perdas.
Desde março de 2014, o Indicador Ipea de FBCF teve crescimento na comparação interanual apenas duas vezes: em junho de 2016 (de 0,1%) e agora em agosto de 2017. No ano, os investimentos ainda acumulam uma queda de 3,9%.
Na passagem de julho para agosto deste ano, o componente de máquinas e equipamentos cresceu, mas a construção encolheu. O componente construção civil teve retração de 2,3% em agosto ante julho, após dois avanços seguidos.
Máquinas e equipamentos
O consumo aparente de máquinas e equipamentos (Came) - obtido pela soma da produção doméstica e das importações, excluídas as exportações - teve crescimento de 1,8% no período, depois de uma queda de 0,9% no mês anterior.
A produção doméstica de bens de capital avançou 1,4% em agosto ante julho; o volume de importações caiu 1,2%; e o volume exportado de bens de capital recuou 1,1%.
Em relação a agosto de 2016, de acordo com o Ipea, a construção encolheu 4,5% em agosto de 2017, enquanto o Came teve um salto de 11%.
PIB
O avanço nos investimentos devem contribuir para a recuperação do Produto Interno Bruto (PIB) do País. A secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, ressaltou ontem (19), durante palestra no Insper, que se o PIB do Brasil crescer, de forma sustentada, na casa dos 3% ao ano por um longo período, o País consegue se desenvolver e superar seu patamar de renda média.
"Às vezes, me incomodo com essa discussão de que o Brasil tem que crescer 4%, 5% ao ano", disse ela. "Se crescer 3% sustentadamente a cada ano, o Brasil vai superar seu patamar de renda média e pode alcançar um nível de desenvolvimento que estamos almejando", afirmou.
Mantendo a política econômica na direção correta e avançando na agenda de reformas microeconômicas, o PIB poderia se expandir na casa dos 3%. Este ano, Ana Paula avalia que o PIB pode crescer entre 0,5% e 1%. "O PIB começa a mostrar um pouquinho de melhoria. A crise passou", disse.
"Disciplina fiscal rende, sim, crescimento sustentável", destacou ela, ressaltando que esta mensagem precisa ficar mais clara para a sociedade em 2018, ano eleitoral. "Pode demorar um pouco, mas os resultados aparecem", observou.
Ainda em sua apresentação, ao falar da Previdência, a secretária citou um estudo do Tribunal de Contas da União (TCU) que mostra que o déficit atuarial dos regimes para servidores estaduais chegará a R$ 2,8 trilhões em 75 anos.