Em Fortaleza, 75,4% dos consumidores têm algum tipo de dívida. A conclusão é de uma pesquisa feita em janeiro e fevereiro deste ano pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC), da Fecomércio-CE.
O resultado mostra um crescimento de 2,4 pontos percentuais em relação aos últimos dois anos do ano passado, quando o endividamento do fortalezense estava em 73%.
Em relação à proporção de consumidores com contas ou dívidas em atraso, houve, porém, diminuição de 5,1 pontos percentuais, passando de 27,3% no bimestre novembro/dezembro para 22,2% no período atual.
Quem mais tem dificuldade em honrar os compromissos financeiros são, segundo o estudo, homens (23,3%), com idade entre 25 e 34 anos (25,4%) e que têm renda familiar mensal entre cinco e dez salários mínimos (22,8%).
Já o tempo médio de atraso nos pagamentos é de 69 dias, e a principal justificativa para a não quitação da dívida é a necessidade de adiar (50%) as contas para que o dinheiro seja aplicado em outras finalidades. O segundo motivo mais mencionado na pesquisa é desequilíbrio financeiro, citado por 44,3% dos entrevistados, seguido de contestação das obrigações (4,6%) e perda de prazo por esquecimento (4,2%).
Renda comprometida
Os consumidores estão comprometendo, em média, 42,4% da renda familiar com o pagamento de dívidas, exatamente o mesmo percentual do último semestre de 2022, mas ainda superior à média histórica do indicador, que é de 35%.
Os instrumentos de crédito mais utilizados por eles, são: cartões de crédito (81%); financiamento bancário para veículos, imóveis e outros (14,5%); empréstimos pessoais (11,2%), carnês e crediários (4,6%) e cheque especial (1,5%).
Gastos recorrentes
Entre os gastos que são os principais responsáveis pelo endividamento da população, estão a compra de alimentos a prazo (57,4%), a aquisição de itens de vestuário (33,3%), a cobertura de despesas de saúde (22,1%) e o pagamento de aluguel residencial (21,3%). O valor médio das dívidas, aponta o estudo, é de R$ 1.712, com prazo de oito meses.
A proporção de consumidores que não terão condições financeiras de arcar com seus compromissos teve uma redução de 2,4 pontos percentuais, chegando a 9,1% em janeiro e fevereiro. O índice também mostra melhoria em relação ao mesmo período de 2022, quando foi mensurado em 10,3%.
Orçamento familiar
Uma das formas de controlar os níveis de endividamento é acompanhar os gastos mensais. Dos entrevistados para a pesquisa, 10,9% disseram que fazem o orçamento dos rendimentos, mas não têm controle eficaz dos gastos. Já 11% afirmaram que não têm orçamento, tampouco controle de gastos.
Para o IPDC, a falta de planejamento orçamentário é "um problema crítico para o controle do endividamento, estando sempre entre um dos principais motivos para o atraso ou inadimplência".
Principais fatores que contribuem para a inadimplência
- Falta de orçamento e controle dos gastos (56,9%);
- Compras por impulso, sem necessidade ou além do necessário (18,6%);
- Gastos imprevistos (17,3%);
- Aumento dos gastos considerados essenciais (17%);
- Desemprego (16,8%);
- Redução dos rendimentos (15%).