Meio século se passou desde o início da implantação do primeiro Distrito Industrial planejado do Ceará, em Maracanaú. Marco de uma nova era do setor, a região que hoje abriga o complexo transformou-se em polo de atração de empresas e lançou bases para o futuro da economia do Estado, que se projeta a partir do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp).
>Falta de infraestrutura é o principal obstáculo
>Investimentos transformam a vida da população do entorno
>São Gonçalo é a região do futuro econômico
O plano diretor do distrito data de 1964, durante o primeiro mandato do governo Virgílio Távora (1963-1966). Seu processo de implantação foi iniciado, entretanto, somente em 1966, após anos de luta por condições de infraestrutura que possibilitassem o desenvolvimento do Estado, principalmente, com a garantia da oferta de energia à região. A primeira indústria a se instalar no local foi a Ceará Laminado e Compensados S.A (Celaco), no início de 1967.
Na época, as empresas que existiam eram concentradas em Fortaleza, nas proximidades da Avenida Francisco Sá, no bairro Jacarecanga. Maracanaú ainda era parte do município de Maranguape, quando foi avaliado como o melhor ponto para sediar o esperado Distrito Industrial. Atualmente, a cidade já tem quatro distritos industriais e ainda é, depois da Capital, a que tem maior participação no Produto Interno Bruto (PIB) cearense.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relativos a 2013 mostram que Maracanaú foi responsável por 5,75% do PIB do Estado naquele ano, ficando atrás somente de Fortaleza (45,7%), e à frente de cidades como Caucaia (4,18%), Sobral (3,11%) e Juazeiro do Norte (2,96%). Dos R$ 108,7 bilhões produzidos no Estado naquele ano, R$ 6,2 bilhões foram no município.
Evolução
Segundo Antônio Sílvio, coordenador do Programa de Atração de Empresas da Prefeitura de Maracanaú, a demanda para a implantação de novas indústrias foi crescendo ao longo dos anos, o que fez surgir a necessidade de novos espaços de incentivos.
Considerando toda a extensão do município, conforme levantamento de 2013 do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), havia 1.444 indústrias ativas. Apenas no perímetro do primeiro distrito, hoje, segundo o coordenador, existem 84 indústrias em funcionamento.
Em 1988, foi criado o Distrito Industrial III nas proximidades do Anel Viário, que hoje sedia 28 fábricas. Em 1994, o Distrito Industrial 2000, terceiro no município, foi delimitado. Há oito indústrias implantadas e ativas na região. O último, Distrito Industrial Volta Alegre, foi criado em 2005, onde há três fábricas. São indústrias, principalmente, dos setores de metalmecânica, alimentos, têxtil e confecções.
O município é o segundo no Estado em número de vagas formais de emprego, atrás somente de Fortaleza.
Conforme dados da Prefeitura de Maracanaú, até o fim do ano passado, lá existiam 58 mil empregos formais, o equivalente a 3,81% do total de 1,5 milhão de vagas do Estado.
Expansão
Apesar das dificuldades decorrentes do arrefecimento econômico no País, o desenvolvimento industrial da região foi um dos primeiros passos em prol do crescimento do Estado e é, ainda hoje, um grande centro de geração de riquezas. A ideia daqui para frente, conforme Antônio Sílvio, é otimizar o uso dos espaços utilizáveis da área.
"Ainda existem muitos galpões fechados, terrenos não utilizados. Nossa intenção é dar mais dinamismo desapropriando, ou incentivando a iniciativa privada a adquirir esses imóveis que não têm atividade. Além disso, existem algumas alternativas de terrenos para desapropriar e permitir novas ocupações", explica o coordenador.
Potencial
Nas próximas páginas, apresentamos as dificuldades pelas quais passam indústrias da região, bem como histórias de quem vive essa realidade.
Traçamos um cenário do futuro da economia cearense, com o potencial do parque industrial ligado ao Porto do Pecém e ao município que o abriga, São Gonçalo do Amarante.