São Gonçalo é a região do futuro econômico
Apontado como locomotiva da economia cearense, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) abriga as maiores indústrias do Estado, inclusive a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP). E o município de São Gonçalo do Amarante aparece, nesse cenário, como a região do futuro econômico do Estado.
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Há cerca de 60 protocolos de intenção para a instalação de empresas no município e, dessas, até o fim do ano, 20 estarão implantadas ou em processo de implantação, segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico de São Gonçalo, Victor Samuel. São indústrias de segmentos como metal-mecânico, alimentos e painéis solares, bem como distribuidoras de combustíveis e empresas de logística, por conta da demanda do porto do Pecém.
A zona industrial do município não se restringe, entretanto, às proximidades do porto. Segundo Samuel, o poder público se preocupou em distribuir novos distritos industriais, de menor porte, ao longo do território de São Gonçalo, no intuito de promover a descentralização e evitar problemas de transporte.
Foram criados dois distritos industriais secundários: um fica na sede de São Gonçalo, que ainda não está completamente desapropriado, podendo chegar a 4 mil hectares; o outro fica no distrito de Croatá e tem 1,5 mil hectares. As duas áreas já estariam começando a abrigar empresas, segundo o secretário.
Ele destacou que o conceito de distrito industrial utilizado no município é mais moderno que outros implantados no Ceará. A concepção é de equilibrar a presença de indústrias, estabelecimentos de serviços e residências. "Como há uma filtragem para receber indústrias não poluentes, e as que são fazem o tratamento de seus efluentes, São Gonçalo vai ser um município industrial, mas não vai perder sua qualidade de vida".
Projetos
Samuel apontou que há projetos para a instalação de mais três distritos industriais no município. Um deles é no litoral, específico para o setor de pescados, que deverá ser criado no entorno de uma fábrica de enlatados de atum já existente na região, do grupo espanhol Jealsa. "Queremos criar um polo pesqueiro. Ele está se formatando, ainda não temos a planta definitiva, mas, com certeza, será uma realidade em breve", disse.
Outro projeto é para a criação de um distrito agroindustrial no extremo oeste do município, próximo ao rio Curu. Já existem algumas empresas na região que plantam cana-de-açúcar, o que na avaliação do secretário, é pouco producente. "A cultura da cana é para onde tem água em abundância, não é para o Ceará", pontuou. Ele defende que as áreas férteis e irrigadas do Estado para implementar culturas de maior valor agregado.
Ainda há a intenção de implementar outro distrito, na região central, destinado a empresas de serviços. A dificuldade em implantá-los, segundo o secretário, é a falta de recursos. As despesas são elevadas, com a compra e desapropriação de terrenos, mais caros à medida que o município se desenvolve; planejamento e a dotação de infraestrutura, com abertura de ruas, estradas; fornecimento de energia, água e sistemas de esgoto específicos.
Crise
Ele admitiu que os efeitos da recessão econômica têm sido sentidos, como a redução do fluxo de empresas interessadas em assinar protocolos de intenção ou mesmo o recuo das que projetavam iniciar a implantação. "Mesmo assim, alguns empresários mais ousados estão indo adiante", pontuou.
Para o secretário, a chance do Ceará em se tornar um estado rico está no porto. À exemplo da Holanda, cuja economia está ligada ao desenvolvimento dos portos de Rotterdam e de Amsterdam, Victor destacou que a área industrial ligada ao terminal gera riqueza tanto a quem produz, como a quem transporta, promovendo a geração de empregos e renda para o Estado.