60% dos bares e restaurantes no CE aumentaram preços

De acordo com levantamento da Abrasel, reajuste segue aumento dos custos de insumos para os estabelecimentos. Pesquisa foi realizada entre 6 e 12 de outubro

Escrito por Redação ,
Legenda: Entre os estabelecimentos que reajustaram preços, mais da metade aplicaram um aumento de 6% a 10% sobre os produtos.
Foto: Agência Brasil

Cerca de 60% dos bares e restaurantes cearenses reajustaram os preços dos itens nos cardápios, segundo aponta levantamento produzido pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Coletados entre os dias 6 e 12 de outubro de 2020, os dados da pesquisa mostram que 57% desses estabelecimentos aplicaram um aumento de 6% a 10% sobre os produtos.

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De acordo com o diretor executivo da Abrasel, Taiene Righetto, a medida foi necessária pelo aumento dos custos para os restaurantes. O balanço da associação mostra que 60% dos estabelecimentos cearenses do setor perceberam que as mercadorias utilizadas diariamente subiram em média 15% em relação aos valores praticados antes da crise.

De acordo com o diretor, o aumento de preços não afastou clientes nem implicou em queda de faturamento por "diversos fatores". "Um deles é que nem tudo foi reajustado, alguns itens foram substituídos ou retirados de cardápio. Em alguns casos, como não tinha saída, esses custos foram repassados para a venda", aponta.

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"Sei de casos de restaurantes tradicionais em Fortaleza que deixaram de servir panelada porque o quilo da tripa, ou desse tipo de insumo tão comum, ficou um absurdo. É um negócio que já se vende barato e que se ficou caro não compensa fazer, então foi uma saída retirar temporariamente", explica o diretor. 

Segundo Righetto, o aumento tem funcionado como uma forma de garantir menores prejuízos. "O que houve, na verdade, foi uma sobrevivência. Isso permitiu que não haja uma mortalidade (de negócios) maior ainda. Muitas vezes o setor de alimentação absorve bastante os aumentos da cadeia que chegam até ele, afinal de contas, somos basicamente o fim da cadeia produtiva. Dessa vez não teve como, estamos todos muito fragilizados após esse período".

Esse cenário, mostra o estudo, também reflete no planejamento dos estabelecimentos locais. Cerca de 49% dos bares e restaurantes do Ceará contam que não devem realizar contratações até o fim do ano ou nos próximos meses. Os que pretendem contratar só devem fazer mudança de, no máximo, 10% do quadro atual de funcionários.

Finanças

Além disso, o levantamento também aponta dificuldades no faturamento e nas dívidas entre os estabelecimentos. No Ceará, 42% dos associados fecharam o mês de setembro no vermelho, número que chega a 53% em âmbito nacional. Enquanto isso, 40% têm faturado abaixo do esperado e 44% esperam a possibilidade de recuperar o caixa em até seis meses. 

Já quando o assunto é endividamento, as taxas sobem acima de 60%. No total, segundo a amostra da pesquisa, 65% dos estabelecimentos do setor em solo cearense precisaram de empréstimos para manter os negócios na ativa, enquanto 12% tentaram, mas não receberam respostas positivas dos bancos. Por conta disso, 42% dos bares e restaurantes só esperam trazer as dívidas para níveis normais em cerca de dois anos.

"Claro que o setor já está tendo que mudar muito. Muitos bares, por exemplo, tiveram que se adaptar para funcionar como restaurantes. Existem até os casos de vários que partiram para o delivery e enxergamos muito a tendência de se trabalhar com a tecnologia presente", opina Taiene Righetto. Para o diretor executivo, a palavra de ordem tem sido, até o momento, a de "reinvenção". "A gente vai ter que aprender e estar fazendo esse movimento constantemente para sobreviver", finaliza.

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