Doadores de sangue que receberam recentemente a vacina contra a Covid-19 devem cumprir de 48 horas a sete dias de inaptidão para o procedimento. O tempo vai depender da orientação de cada fabricante dos imunizantes disponíveis para a vacinação no país. A informação foi obtida através de uma nota técnica publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), nesta quinta-feira (4).
A recomendação é direcionada para todos os serviços de hemoterapia e hemocentros do país. Conforme a Anvisa, a indicação garante maior segurança para doadores e pacientes que necessitam de transfusão sanguínea.
De acordo com a orientação da nota, candidatos a doação de sangue e hemocomponentes que receberam vacinas baseadas em vírus SARS-CoV-2 inativado, como a Coronavac, ou fragmento proteico sintético devem permanecer inaptos por período de 48 horas após a aplicação; candidatos a doação de sangue que receberam vacinas que utilizam vetores virais recombinantes não replicantes, como a da Oxford, permaneçam inaptos por período de sete dias após a aplicação; candidatos a doação de sangue que receberam vacinas que utilizam RNA mensageiro (mRNA) ou DNA permaneçam inaptos também por sete dias após a aplicação. (Veja tabela abaixo)
Já aqueles candidatos a doação de sangue que não informarem de maneira segura sobre o tipo de vacina que receberam, a orientação é para que permaneçam inaptos por período de sete dias após a aplicação; no caso de vacinas cujo protocolo prevê a utilização de mais de uma dose, os intervalos de inaptidão previstos estão relacionados com cada aplicação.
Além disso, segundo o documento, as pessoas candidatas à doação devem estar assintomáticas e em bom estado de saúde no momento da doação. A nota também orienta que não deve ser coletado plasma convalescente para Covid-19 de candidatos à doação de sangue que receberam vacinas contra Covid-19.
Doar antes de vacinar
Com o avanço da pandemia nos últimos meses no Ceará, a orientação do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) é para que os doadores que forem receber a vacina contra o vírus procurem doar sangue antes. “A gente está entrando em um momento de agravamento da pandemia novamente, então é necessária essa orientação para que os doadores não venham ao Hemoce sem poder doar naquele momento”, reforça a diretora de hemoterapia do Hemoce, Denise Brunetta.
O Hemoce não está próximo do desabastecimento de sangue, conforme a diretora, porém, é necessário reforçar o pedido e não correr riscos. “Hoje temos um estoque confortável, mas a gente sempre teme que, com a piora da pandemia, tenhamos uma diminuição do estoque de segurança e não ter o sangue na hora de precisar atender algum paciente”, cita Denise.
Orientações conforme modo de produção
A diretora explica que a diferença entre os períodos de inaptidão entre as vacinas Coronavac e a de Oxford, ambas em aplicação no país, está associada ao modo de produção. “A Coronavac é produzida com o vírus inativado. Então, 48 horas é o período certo para que não pegue no teste para outras doenças, por engano, numa reação cruzada. Já a de Oxford é produzida pelo vetor viral não replicante e a orientação do fabricante é uma inaptidão de sete dias”, coloca.
Entre os possíveis problemas ocasionados em quem descumprir as medidas de doação estão “associados à sorologia, os exames feitos na triagem do doador, e a gente pode causar prejuízo na segurança da doação, apesar de saber que são vacinas seguras para todos os pacientes. Então, é necessário seguir as orientações da Anvisa e dos fabricantes”.
A Anvisa ainda orienta que, em caso de reação após a aplicação da vacina, é importante que o voluntário só doe após sete dias do desaparecimento dos sintomas.