Dez feirantes do Barroso, em Fortaleza, foram conduzidos à delegacia na manhã desta terça-feira (25), após não desmontarem as barracas de frutas, verduras e legumes a pedido da Polícia Militar.
O grupo foi levado em um ônibus da corporação ao 16º Distrito Policial, no bairro Dias Macedo, onde prestaram depoimento e assinaram um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO).
Um PM, que não quis se identificar, informou que desde às 5h os feirantes eram orientados a sair do local. Os agentes alegaram que o pedido de retirada foi feito com base no decreto estadual que ainda veta o funcionamento de feiras livres.
Apesar do alerta, o PM disse que os trabalhadores mantiveram as barracas armadas com os produtos e se recusaram a interromper as vendas.
"Eles [feirantes], rotineiramente trabalham em vários bairros de Fortaleza. E hoje, eles trabalhando aqui no Barroso se depararam com a operação da Polícia. Mais de 20 pessoas foram apreendidas por que estavam trabalhando", relatou o diretor da Associação dos Feirantes de Fortaleza, Eduardo Evangelista.
O representante da categoria taxou como injusta a medida que mantém as feiras proibidas.
"As churrascarias, certos comércios na Av. Beira-Mar estão todos funcionando e quando a gente passa [em frente] a lotação está tomando de conta de tudo. Ou cancela tudo, ou então seja justo e libere para que o trabalhador possa trabalhar”, protestou em entrevista à TV Verdes Mares.
Paralisação
Desde o dia 5 de março, quando Fortaleza adotou o isolamento social rígido (lockdown), o setor está com atividades proibidas. Segundo a superintendente da Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis), Laura Jucá, os locais são focos de aglomerações e disseminação do coronavírus.
"As feiras são locais de alto índice de contaminação. É muito difícil fazer um ordenamento nas feiras, são muitas entradas. Existe a possibilidade muito grande de aglomeração. Elas já são um local sujeito a um risco sanitário alto, ainda mais agora com a Covid-19", explicou à reportagem da TV Verdes Mares.
Ainda assim, como mostrado pelo Diário do Nordeste no último dia 4 de maio, pelo menos oito feiras livres estavam abertas nos bairros Henrique Jorge, Jardim Guanabara, Carlito Pamplona, Vila União, Rodolfo Teófilo e Meireles, por exemplo.
"A Agefis tenta sempre, juntamento com órgãos de apoio, se antecipar. Chegar bem cedo, antes que essa feira esteja montada para que a gente possa evitar que ela possa iniciar. Nós encerramos 64 feiras desde o início do decreto de isolamento social", informou Jucá.