As feiras livres seguem proibidas em Fortaleza, de acordo com os decretos vigentes no Estado, desde a implementação do lockdown no dia 5 de março. Apesar de já estar havendo uma flexibilização das atividades, o setor ainda permanece sem autorização. Contudo, flagrantes feitos pelo Diário do Nordeste nestas segunda e terça-feira (4), mostram o funcionamento irregular dessas atividades na Capital.
Durante a apuração do DN, estavam em exercício as feiras:
- do Henrique Jorge – na Rua Prof. Paulo Lopes com Audízio Pinheiro
- do Conjunto Polar – na Rua Menezes de Oliveira
- do Conjunto São Francisco – na Av. Mozart Lucena com Rua Jangadinha
- do Jardim Guanabara – na Av. Major Assis com Rua Alberto Ferreira
As feiras que não estavam exercendo atividade foram:
- do Carlito Pamplona – na Rua Irineu de Sousa com Rua Tomaz Gonzaga
- da Vila União – na Rua Alberto Montezuma com Helvécio Monte
- do Rodolfo Teófilo – na Rua Frei Marcelino com Gustavo Braga
- do Meireles – na Rua Monsenhor Bruno
A maioria dos lugares não continha aglomerações, com exceção da feira do Jardim Guanabara, onde o número de pessoas era consideravelmente alto. Além disso, diversos feirantes e visitantes não faziam a utilização de máscaras de proteção, de distanciamento social e dos cuidados de higienização das mãos.
Fatores de risco
A médica infectologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Mônica Façanha, explica que as feiras livres, por mais que estejam em locais abertos e arejados, são fatores de risco para a transmissão da Covid-19.
O grande medo que se tem [nessa situação] é exatamente várias pessoas estarem juntas na mesma barraca, querendo comprar o mesmo produto e correr o risco de alguma delas estar com a infecção e transmitir aos outros que não estão”
Mônica relata que, apesar da situação pandêmica estar melhorando gradativamente no Ceará, as circunstâncias ainda não estão controladas. “A gente tá vindo de um patamar que estava muito alto, com muita internação, óbitos e gente adoecendo. Então, assim, a gente ainda não tá bem o suficiente pra ficar tranquilo e relaxar”.
“Só vai ficar tranquilo quando tivermos uma proporção muito alta de pessoas vacinadas, e a gente ainda não alcançou essa proporção. Temos que ir com calma, o cuidado não é uma coisa pontual, ele deve ser mantido ao longo do tempo até a gente ter essa segurança de que não vai voltar a piorar”, continua.
De acordo com a Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) já foram encerradas, no período de 5 de março a 3 de maio, 61 feiras irregulares na Capital. O órgão vem monitorando e coibindo a realização de feiras de qualquer natureza, em espaços públicos ou privados da cidade, em parceria com a Guarda Municipal de Fortaleza.
“Os fiscais atuam de forma preventiva, inibindo antecipadamente as montagens das estruturas, ou com a abordagem educativa, de conscientização da população. Em caso de insistência no descumprimento, é lavrada a notificação”, informou em nota.
O costume permanece e os perigos também
Para a aposentada Margarida Maria, 62, o costume de frequentar feiras está presente em sua vida desde muito jovem. Mesmo fazendo parte do grupo de risco e não tendo sido vacinada ainda com a segunda dose da CoronaVac, ela relata que não sente medo de ir realizar compras nos locais durante a pandemia.
Eu uso máscara e, quando chego em casa, boto tudo [os alimentos] na pia e vou lavar”
Margarida conta que toda semana vai à feira do Conjunto Polar e que é comum a falta do uso de proteção entre alguns feirantes e visitantes, que deixam de escanteio os cuidados para prevenção do vírus. “Esses [que não se cuidam] não têm medo de nada não. Muitos estão trabalhando de cara limpa, eu fico só olhando a arrumação de longe”.
Questionada sobre os motivos de ainda frequentar as feiras mesmo com os riscos e a proibição, a aposentada explica que vai aos locais porque os alimentos são mais baratos e mais novos. “Eu comprei hoje a bacia de maçã, veio dez unidades por cinco reais. Tudo de verdura também eu compro na feira, é mais fresco”.
Exposição desnecessária
A médica infectologista Mônica Façanha destaca que as pessoas só devem sair de casa se realmente for preciso. “A gente tem que estar atento cada vez mais a só sair com esse risco de exposição quando realmente for necessário, se realmente precisar ir fazer essas compras”.
“É importante observar, antes, para se aproximar de locais que não tenham muita gente também, de preferência ficar a mais de 1 metro de distância da outra pessoa e sempre utilizar máscaras de proteção”, continua.
Auxílio aos feirantes
A Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico (SDE), informa que disponibilizou auxílio financeiro de R$ 100, equivalente aos meses de abril e maio, aos feirantes, ambulantes, artesãos e empreendedores cadastrados nos projetos Meu Carrinho Empreendedor, Mulher Empreendedora e Meu Bairro Empreendedor.
“Os empreendedores beneficiários devem atualizar os seus dados como forma de garantir que as informações estejam corretas. Ao todo, 5.496 pessoas estão aptas a receber o auxílio financeiro”, pontua o órgão em nota.
Além disso, outra ação prevista no Pacote de Socorro Fiscal é a isenção do pagamento de autorização e de permissão, em 2021, para 4.645 permissionários do comércio ambulante, de bancas de revistas e quiosques. “Bem como a concessão de descontos para a quitação dos débitos de tarifas devidas até dezembro de 2020”, detalha.
A prefeitura informa que conta com o apoio da população para o cumprimento das medidas sanitárias de prevenção ao coronavírus. Denúncias de irregularidades podem ser realizadas por meio do aplicativo Fiscalize Fortaleza (disponível para Android e iOS), do site da Agefis e do telefone 156.