Fortaleza é uma cidade diversa. Seus espaços de metrópole em crescimento transformam-se constantemente e, além dos avanços estruturais, refletem demandas históricas em áreas como o Meio Ambiente. Embora a Capital tenha ainda muito a percorrer para tornar tão veloz como seu crescimento econômico a sua política ambiental, iniciativas como a adoção de praças e a regulamentação de parques públicos têm deixado mais sustentável a relação entre moradores e áreas verdes urbanas.
Em 8 anos, 468 espaços públicos da cidade foram adotados por pessoas físicas ou pela iniciativa privada, trazendo a população para mais perto das medidas que podem mudar não apenas as paisagens, mas também o cotidiano de uma cidade grande na qual as pessoas se sentem mais seguras para andar nas ruas e têm mais áreas verdes, e menos poluídas, ao alcance. "O poder público não faz a cidade sozinho, mas, sim, em parceria com a sociedade, seja ela o cidadão ou a livre iniciativa particular", frisa a titular da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), Águeda Muniz.
Essa ideia de integrar a população às iniciativas de fomento ao Meio Ambiente também resultou na regulamentação de 25 parques públicos e na adoção de 94 praças em 8 anos. "Um dos melhores aspectos para se ter uma cidade segura não é ter polícia ostensiva em todos os lugares, e sim pessoas, circulando dia e noite, se divertindo, trocando relações nas vias, isso já está mais que comprovado", esclarece o professor Flávio Cunto, coordenador do Grupo de Pesquisa em Transporte, Trânsito e Meio Ambiente (Gttema), do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC).
A adoção voluntária de espacos, por exemplo, também resultou em uma economia de R$ 43 milhões para os cofres municipais, de acordo com informações da Prefeitura de Fortaleza. Além disso, verbas do Fundo Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Fundema) puderam ser usadas para ideias como a regulamentação dos parques.
De acordo com o professor Flávio Cunto, esforços como as ações de mudanças ocorridas no bairro Cidade 2000 e no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura mostram que a cidade está se reconstruindo na direção certa, mais humana, mais gentil, mais amiga e mais agradável.
"Fortaleza tem caminhado positivamente nesse sentido, também no transporte e na mobilidade como um todo. É uma nova forma de se relacionar na cidade, colocando as pessoas como o centro", finaliza Flávio.
"Depois de quase um século de esforços e Políticas Públicas voltadas quase que exclusivamente ao automóvel, finalmente agora se intensificou esse paradigma de cidades sendo formadas para as pessoas. E Fortaleza, nos últimos anos, vem se destacando nacional e internacionalmente como uma cidade que tem buscado reverter essa lógica", frisa Flávio Cunto.
São exemplos de áreas revitalizadas os parques urbanos Bisão (Mucuripe) e Lago Jacarey (Cidades dos Funcionários). O primeiro é fruto da requalificação do Riacho Maceió. É um espaço recuperado pela conexão da iniciativa privada com o setor público. O local possui 22 mil metros quadrados e foi recuperado a partir da Operação Urbana Consorciada (OUC). A área, que antes era degradada, passou a ser ocupada pela população. O segundo - Lago Jacarey - é bastante utilizado para lazer. O local tem uma área de preservação ambiental e foi regulamentado em 2014 junto a outras áreas verdes.
Balanço geral
Em 8 anos, a Política Ambiental de Fortaleza se estruturou em seis componentes: áreas verdes, recursos hídricos, controle da poluição, biodiversidade, mudanças climáticas e educação ambiental. Isso aliado aos 17 objetivos para um Desenvolvimento Sustentável. "Fortaleza tem um enorme potencial ambiental que precisa ser aproveitado pelos nossos cidadãos", frisa a secretária.
De acordo com Águeda Muniz, a atual política ambiental de Fortaleza trouxe, além de conceitos, projetos. "Foi completamente estratégico, para que pudéssemos trazer sustentabilidade".
Em 2020, dois foram os maiores desafios da Seuma: a Evolução da Área Verde, que foi de 12 m² para 18,37 m² por habitante, concentrando-se também na plantação de mais de 201 mil árvores (o dobro da expectativa para os 8 anos de gestão); e o Monitoramento da Qualidade do Ar, que mediu os níveis e efeitos antes e durante o isolamento social provocado pela pandemia.
A primeira Estação de Monitoramento foi instalada na Capital em janeiro de 2020, e mede o clima hora a hora. Até outubro, a qualidade se manteve no primeiro de cinco níveis, considerado "bom".
O índice de vulnerabilidade às mudanças climáticas e inventários de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), realizados bienalmente também foram ações da Secretaria. O Plano Municipal de Saneamento Básico de Fortaleza (PMSB) foi outro destaque na gestão, visando a conhecer a situação do município e planejando ações e alternativas para a universalização dos serviços públicos de saneamento. Além disso, o programa "Uma criança, uma árvore" doou 4.552 mudas desde 2016 por meio da parceria com cinco hospitais da cidade.