A capital cearense registrou nesta sexta-feira (28) a menor média móvel de casos de coronavírus desde novembro do ano passado. A média de 195,1 foi também 74% menor do que a registrada duas semanas atrás, que alcançou 942,3. Os dados são do boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde de Fortaleza (SMS), publicado ontem.
Mesmo com os números positivos no que se refere a diminuição de casos, a SMS salienta isso pode ter sido provocado pelo “retardo na confirmação dos casos mais recentes”. O maior número de casos (2.264) e maior média móvel (1.626,7), desde o início da pandemia, ocorreram nos dias 1º e 6 de março de 2021, respectivamente.
Oscilação
Segundo a SMS, após atingir o pico, a redução da média móvel na segunda onda apresenta um padrão “anômalo”. Nesse estágio, a queda é entremeada por oscilações ascendentes e platôs.
“A mais recente inversão de tendência, com novo repique de casos, ocorreu entre os dias 8 de maio (807,7) e 13 de maio (942,3). Em seguida, a média móvel volta a cair, embora não se possa afirmar que, após essa data, o decaimento não esteja influenciado, em alguma medida, pelo atraso da confirmação das notificações”, explica.
No entanto, a Secretaria afirma que a capital ainda está em um patamar elevado de casos, e por isso, considerando as oscilações da média móvel observadas recentemente, a incidência deve ser rigorosamente monitorada.
Embora a média móvel de óbitos dos últimos sete dias (10,6), também tenha apresentado diminuição de 58% quando comparada a de 14 dias atrás (25,4). A pasta ressalta que o ainda elevado número de pacientes hospitalizados, pressiona a rede assistencial, observando um relevante incremento de mortes a cada 24 horas. Mas ressalta que “como tendência, constata-se uma queda consistente e plausível da média móvel de óbitos”.
Indicadores sensíveis
Quando questionada sobre o estado atual de Fortaleza e como os cidadãos devem se portar em meio a reabertura, Caroline Gurgel, epidemiologista, virologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, recorda da primeira onda, momento no qual a maioria dos cidadãos acreditava que não haveria uma segunda onda e tudo voltaria ao normal.
“Observando a primeira onda, não deveríamos ter essa segurança de que não viria uma segunda onda. A mesma ideia aplica-se para que não venha uma terceira. Mesmo com os indicadores em queda, não temos a cobertura vacinal suficiente que nos dê esse conforto: de que vencemos essa pandemia”, explica.
Por se tratar de um vírus muito mutável, explica Caroline, com o retorno da circulação intensa de pessoas podemos ter o surgimento ou introdução de uma nova variante. E, por mais que já se tenha a exposição ao coronavírus, não existe uma proteção cruzada devido à especificidade dos anticorpos, ou seja reinicia todo o processo. Segundo ela, este tipo de comportamento pode acontecer com a variante indiana.
“Tudo é muito sensível, inclusive os indicadores. Eles se mantém em queda e essa é a característica de uma doença respiratória de alta transmissibilidade: ela vem, afeta uma quantidade enorme de pessoas, ocorre a explosão de casos, depois temos uma desaceleração dos casos devido à quantidade de infectados já ser grande. Então existe o esgotamento dos susceptíveis para está variante, então caem o número de infectados”, conclui.