Estoque de oxigênio de hospitais privados em Fortaleza ‘ainda está garantido’, aponta associação

Representantes de hospitais privados da Capital confirmam que demanda dobrou na segunda onda de Covid, mas que abastecimento do gás é feito regularmente

A preocupação dos cearenses com a pandemia, principalmente com o assustador crescimento de casos de Covid-19 nas últimas semanas, agora também diz respeito a um componente básico para a vida: o ar para respirar. A demanda de oxigênio medicinal nas unidades de saúde, diante da agressiva segunda onda de Covid-19, é crescente, acendendo alerta de desabastecimento para hospitais públicos e privados do Ceará. 

De acordo com Aramicy Pinto, presidente da Associação dos Hospitais do Estado do Ceará (Ahece), porém, o estoque do gás “está garantido em Fortaleza, pelo menos até agora”, nas oito unidades ligadas à entidade na Capital: 

  • Casa de Saúde São Raimundo
  • Hospital Gastroclínica
  • Hospital São Camilo Cura D’ars
  • Hospital Otoclínica
  • Hospital São Carlos
  • Hospital São Mateus
  • Hospital Uniclinic
  • Hospital Gênesis

O gestor aponta que o fato de haver uma fábrica local do insumo reduz as chances de escassez.

“Antes, o oxigênio vinha de Recife pra Fortaleza. Agora, existe uma usina muito grande no Pecém, que supre bem. Então acho que não vamos ter problema de falta aqui, como em Manaus. Os tanques estão sendo abastecidos regularmente. Já no Cariri e Região Norte, não sei”, pondera.

Segundo Aramicy, a demanda por leitos e, consequentemente, por oxigênio aumenta “como uma avalanche” nos hospitais privados. O tempo médio de internação, ele estima, subiu de 15 para 23 dias, porque a doença tem atingido mais jovens e “demora mais a ser debelada”.

A maior permanência de pacientes nos leitos é só um dos fatores que pressionam o estoque de oxigênio. “As UTIs que tínhamos desativado tivemos que ativar novamente. O pessoal está transformando áreas livres dos hospitais em leitos clínicos. Não está sendo uma tarefa fácil”, reconhece.

Consumo de oxigênio triplicou

Em nota, a Unimed Fortaleza confirmou que o consumo de oxigênio no principal hospital da rede tem sido quase três vezes maior se comparado ao período anterior à pandemia. Já em relação ao pico, em maio de 2020, a demanda atual já representa o dobro, “além do uso no hospital de campanha”.

A cooperativa garantiu, porém, que “alugou duas usinas de produção de oxigênio medicinal, trocou o tanque principal do Hospital Unimed por outro com o dobro da capacidade e adquiriu um tanque de oxigênio exclusivo para o hospital de campanha”, além de manter tratativas com a empresa responsável para suprir o estoque.

A White Martins, principal fornecedora de oxigênio líquido às redes pública e privada do Ceará, afirmou que tem “capacidade de produzir até 180 mil m³ por dia e atualmente possui um estoque de cerca de 4 milhões de m³ do produto”, e que tem informado a clientes e às autoridades de saúde locais sobre variações de consumo.

Apesar disso, a empresa frisou que deve ser comunicada com antecedência sobre o aumento da demanda, e que não tem como estimar em quanto ela aumentará. “Como qualquer fornecedora deste insumo, não temos condições de fazer qualquer prognóstico acerca da evolução abrupta ou exponencial da demanda”, finalizou a nota.

Falta de profissionais da saúde

Além de oxigênio, espaço físico e equipamentos complexos, ativar novos leitos de UTI exige um recurso ainda mais finito, como alerta Aramicy: profissionais capacitados para atender casos graves de Covid-19.

“A oferta de pessoal treinado para tratar pacientes graves é pequena. Médicos cardiologistas, intensivistas e infectologistas já são peças raras, porque estão esgotados e sendo acometidos pelo coronavírus”, lamenta o presidente da associação.

Até as 08h58 desta segunda-feira (8), 20.452 profissionais de saúde já foram infectados e 50 morreram pelo coronavírus. Do total, 7.615 casos confirmados e 23 óbitos ocorreram em Fortaleza, conforme dados da plataforma Integra SUS. A maioria dos acometidos é de profissionais da enfermagem.

Mesmo com aumento constante do número de leitos nos oito hospitais privados de Fortaleza, a ocupação “continua acima de 90%”, como contabiliza o gestor. "Porque quando um paciente tem alta, já tem outro esperando."